Um dos nomes mais respeitados das artes visuais do Brasil, Adriana Varejão tem pela primeira vez um conjunto significativo de sua obra exposto em Salvador. “Adriana Varejão – Por uma retórica canibal” é a mostra itinerante que circulará neste ano em cidades brasileiras fora do eixo Rio-São Paulo, começando pela capital baiana, onde está aberta à visitação gratuita até 15 de junho no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA). Com curadoria de Luisa Duarte, a exposição faz parte de um projeto que pretende descentralizar o acesso à importante produção da artista carioca, exibindo 20 obras dos seus mais de 30 anos de trajetória, realizadas entre 1992 e 2016. Trata-se de um conjunto significativo de sua produção, que inclui trabalhos seminais como “Mapa de Lopo Homem II” (1992-2004), “Quadro Ferido” (1992) e “Proposta para uma Catequese”, em suas Partes I e II (1993).

“Salvador e Cachoeira são cidades fundamentais na construção da minha obra. Nessas cidades, eu encontrei referências importantíssimas do período barroco que usei em muitos de meus trabalhos, especialmente nos que se referem à azulejaria”, afirma Adriana Varejão. “O claustro do Convento de São Francisco, no Pelourinho, e a Igreja da Ordem Terceira do Carmo, em Cachoeira, além de um sem fim de relíquias como os caquinhos de louça das índias e o teto em estilo chinês pintado por Charles Belleville no Seminário de Nossa Senhora de Belém, me ofereceram elementos para construção de muitos dos meus trabalhos que, pela primeira vez, estarão expostos aqui. Fazer essa exposição é como finalmente retornar à casa da mãe depois de uma longa viagem”, completa a artista.

O recorte curatorial da exposição busca enfatizar como muito antes dos estudos pós-coloniais estarem no centro do debate da arte contemporânea, Adriana Varejão já desenvolvia uma pesquisa cuja inflexão está centrada justamente em uma revisão histórica do colonialismo. A mostra descortina diferentes fases de sua produção na cidade com a maior herança africana do Brasil e responsável por inspirar parte de sua poética.

“É com muita satisfação que participamos desse importante projeto, que valoriza uma das mais importantes artistas brasileiras da contemporaneidade. Essa parceria sustenta nosso compromisso com a arte e com a democratização da cultura a um número cada vez maior de pessoas”, afirma Antonio Almeida, sócio-diretor da Galeria Almeida e Dale, que patrocina o projeto. “Por meio desta itinerância, levaremos a arte singular de Adriana Varejão para cidades que ficam fora do eixo Rio-São Paulo e que, até então, nunca haviam recebido uma exposição da artista”, reforça Carlos Dale, também sócio-diretor da galeria.