O tão esperado robô Da Vinci ®,utilizado em cirurgias oncológicas para tratamento de câncer de próstata, finalmente chegou a Salvador. A tecnologia, que está em fase de testes no Hospital Santa Izabel, tem sido utilizada com êxito no eixo Rio, São Paulo, Minas e Rio Grande do Sul e nos estados do Ceará, Pernambuco e Pará. Além de diminuir o tempo de internação, a cirurgia robótica amplia a visão do médico, aumenta a precisão dos movimentos e representa um benefício potencial para o paciente a partir da redução de sequelas como incontinência e impotência sexual. A tecnologia proporciona, ainda, conforto ao cirurgião, que opera sentado, o que facilita a cirurgia especialmente para cirurgiões mais velhos, que podem apresentar tremores nas mãos. A técnica minimamente invasiva também reduz, sobremaneira, o risco de sangramento.

 

Segundo o urologista Nilo Jorge Leão, especialista em cirurgia robótica, qualquer paciente com câncer de próstata que tenha a indicação cirúrgica pode realizar o procedimento. Nesta modalidade cirúrgica, ele opera através de um console, uma espécie de joystick, com uma série de recursos que incluem a visualização em três dimensões e a ampliação da imagem do campo cirúrgico em alta definição, o que permite a visualização de microestruturas e a filtragem de tremores das mãos, fundamental para procedimentos de longa duração, mais cansativos.

 

“Há exatos dez anos, passei um período no Jackson Memorial Hospital, na Universidade de Miami (EUA), onde assisti pela primeira vez uma cirurgia robótica e fiquei impressionado. Naquela ocasião, elegi como uma das minhas prioridades assimilar aquela tecnologia. Posteriormente, aprendi muito sobre ela no Hospital  AC Camargo, em São Paulo, um dos pioneiros na América Latina na implantação e consolidação desta moderna técnica no tratamento do câncer. Desde então, faço viagens periódicas a São Paulo para tratar os pacientes de Salvador que podem viajar para realizar o procedimento, uma vez que até então não tínhamos o robô em nossa cidade. Ter esta tecnologia à disposição é um motivo de satisfação para os médicos do nosso estado, especialmente aqueles comprometidos com a urologia moderna”, contou Nilo Jorge, que integra um grupo de profissionais credenciados pelo fabricante do robô Da Vinci para operá-lo. “Esperamos que, em breve, outras unidades do robô sejam implantadas em outros bons hospitais que dispomos na Bahia”, frisou o médico.

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Diagnóstico e tratamento – Ao receber o diagnóstico de câncer de próstata, a maioria dos homens ainda se apavora, pois muitos acreditam equivocadamente que a vida está por um fio a partir do momento em que a doença é confirmada. Contudo, quando o médico explica que as chances de cura são grandes, sobretudo quando o tumor se encontra em estágio inicial, os pacientes costumam tranquilizar-se. A partir daí, é hora de conhecer os tratamentos disponíveis e, sob orientação médica, optar por um deles. Foi exatamente isso o que aconteceu com o administrador baiano Moisés Catarino dos Santos Filho (50) que, ao se informar sobre os benefícios da cirurgia robótica, acabou optando por essa modalidade de tratamento menos invasivo.

 

“Meu médico, o uro-oncologista Nilo Jorge Leão, me disse que eu poderia passar por uma cirurgia aberta convencional (a única coberta pelo meu plano de saúde) ou por uma cirurgia videolaparoscópica ou, ainda, pela cirurgia robótica. Como a plataforma robótica ainda não está disponível em Salvador, se eu optasse por este tratamento, só poderia me operar em São Paulo. Mesmo assim, não tive dúvida: fiz um sacrifício financeiro e optei pela cirurgia robótica. Não me arrependo, pois minha recuperação foi bem rápida”, contou Moisés Catarino.

 

O paciente recebeu o diagnóstico em agosto do ano passado e em outubro foi submetido à cirurgia. “A recuperação foi muito tranquila. Tirei o dreno lá em São Paulo mesmo. Fiquei com a sonda apenas oito dias e após duas semanas já estava liberado para retornar ao trabalho. Fiz exame de PSA após a cirurgia e o resultado foi melhor do que o esperado. A cada seis meses, preciso repetir o exame, mas estou feliz porque até aqui deu tudo certo e com fé em Deus vou continuar bem”, declarou. Moisés Catarino não tem histórico familiar de câncer de próstata, mas o fato de ser negro aumenta sua predisposição para a doença, conforme estudos científicos confirmados.