O despertador toca, são seis horas da manhã de uma sexta-feira do verão paulistano. Patrícia de Cássia, de 40 anos, levanta para preparar o café da manhã da família, como sempre faz. Ela não imagina, mas desconfia que será mais um dia inesquecível na vida da sua filha, a modelo Giovanna Gibeli, de 6 anos. É dia da pequena tirar fotos para um trabalho. É dia de diversão.

Sorridente, curiosa, mas também teimosa e brava, como qualquer criança, Giovanna é Down e chega no job pronta para arrasar. Ela chama atenção pelo relacionamento amigável e carinhoso que tem com as outras crianças e cativa a todos com sua simpatia. Além de participar de trabalhos como modelo, sua rotina inclui aula em escola regular e prática esportiva no clube.

Patrícia de Cássia fica de boca aberta com o desempenho da filha e lembra como recebeu a notícia que a filha tinha Síndrome de Down, “Havia a suspeita na gestação, mas optamos em não fazer o exame indicado, já que era invasivo e poderia induzir um aborto. Passei a gestação inteira tranquila e feliz. Quando ela nasceu, a médica neopediatra deu a notícia para o meu marido, ainda no parto, mas não fechou o diagnóstico. Fomos pra casa com a Giovanna e só tivemos a certeza uma semana depois, na consulta com geneticista. Ali, com a certeza do diagnóstico tive meu único dia de choro, chorei no carro pensando na possibilidade dela ser uma criança rejeitada por todos”, relata. “Porém meu marido, que estava no carro também, me questionou e me disse que não havia motivo para tristeza, nossa filha era perfeita e saudável. Com estas palavras pôde me tranquilizar e constatar verdade, ela realmente era uma criança linda e perfeita”, finaliza.

É fundamental que toda criança com Síndrome Down tenha acompanhamento com psicólogo, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, terapia ocupacional, além do acompanhamento com pediatra e geneticista. No decorrer do tempo, algumas terapias são substituídas por outros profissionais, um exemplo é a troca do fisioterapeuta por práticas esportivas.

A psicóloga, Renata Bento, especialista em criança, adulto, adolescente e família psicanalista, membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro, ressalta a importância do trabalho multiprofissional e deixa claro que não existe uma receita pronta a ser seguida. “O suporte oferecido às crianças com síndrome de Down deve levar em consideração as características individuais de cada uma. Deve ser de acordo com suas características pessoais, bem como seu perfil de potencialidades e dificuldades tanto cognitivas quanto emocionais. Uma equipe multiprofissional poderá ser de grande importância justamente porque terá condição de trabalhar com a criança de forma mais ampla” alerta. “ É preciso ter um olhar diferenciado que possa contribuir no contorno das dificuldades e fazer desabrochar suas características singulares” finaliza.

E foi pensando na potencialidade dos pequenos com Down que a agência de modelos infantil Max Fama fez esse editorial maravilhoso. Babem com a gente.