A transmissão de saberes por meio de ditados populares é o que motiva a elaboração do livro “Casa de ferreiro, espeto de pau: provérbios e seus possíveis significados”. O e-book, que será lançado ao vivo na próxima segunda-feira (29), às 19h, no YouTube, também possui uma versão em audiolivro, acessível para pessoas cegas e com baixa visão, e será disponibilizado gratuitamente. O livro foi escrito pelo jornalista, escritor e produtor cultural baiano Ednilson Sacramento, que ouviu muitos desses ditados dos mais velhos e reuniu no livro mais de 350 expressões da tradição oral. Os dizeres são acompanhados por suas possíveis interpretações, situações em que podem ser usados e uma lista de músicas onde encontramos essas expressões da cultura popular.

“A gente tá assistindo uma revalorização da oralidade, porque viemos de uma tradição de supervalorização da palavra escrita e esse projeto é muito interessante, pois, além de contar com uma versão escrita, ele dá protagonismo à produção oral através do audiolivro”, comenta o diretor do livro e da leitura da Fundação Pedro Calmon, Armando Almeida, convidado para o evento de lançamento. A noite também conta com a apresentação musical do cantor e compositor Genival Brandão, a participação do poeta, cordelista e escritor Luís Campos e a condução do evento será feita pelo mestre de cerimônias Tonho Matéria.

Todo o evento contará com recursos de audiodescrição e tradução simultânea em Língua Brasileira de Sinais (Libras). No chat da live, o público será convidado a compartilhar suas histórias com os provérbios e poderá fazer perguntas. Após o evento, o livro ficará disponível para download no site do autor, onde leitores também podem sugerir outros dizeres para serem futuramente incorporados à segunda edição do livro, dando continuidade à obra que, como a cultura popular, é viva.

A publicação conta com uma versão em pdf, acessível para pessoas cegas e com baixa visão que fazem uso de leitores de tela, e também uma versão em audiolivro com narração da atriz e locutora Márcia Caspary. Além de ideal para o público com deficiência visual, os audiolivros também atendem pessoas com dislexia, déficit de atenção e até mesmo pessoas sem deficiência. Outra característica interessante e bastante oportuna deste tipo de publicação é o resgate da contação de história. “É muito bom ouvir uma história contada pela nossa mãe, avó… Uma pessoa lendo para a gente dá mais vida e organicidade para a história”, defende Caspary. Nada poderia ser mais adequado para falar de cultura oral.

Para Sacramento, a obra não é uma pesquisa acadêmica e nem um banco de dados de provérbios. “Não se trata de um levantamento dos maiores ou melhores ditados populares do planeta. Nem poderia ser. Pouco se sabe quando tudo isso começou e nunca se saberá quando deixaremos de proferi-los. É apenas um pouso no meio dessa estrada sem fim chamada linguagem”, comenta o autor.

O projeto tem apoio financeiro do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura e da Fundação Pedro Calmon (Programa Aldir Blanc Bahia) via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal.