Se há pouco mais de uma ano, quando a OMS declarou a pandemia de Covid-19, os riscos do vírus para as mulheres grávidas e para o feto ainda não eram bem conhecidos, atualmente já se sabe que o risco de transmissão vertical do vírus da mãe para o bebê através da placenta é muito baixo e pouco frequente, assim como o risco aumentado das gestantes para a forma grave da Covid também está, em grande parte, associado a condições preexistentes, como hipertensão, diabetes e obesidade. Nos primeiros meses da pandemia do Covid-19, as mulheres que estavam tentando engravidar, seja naturalmente ou através de reprodução assistida, tiveram que adiar seu projeto de maternidade.

Hoje, os especialistas recomendam que as mulheres que estão tentando engravidar e as que estão grávidas redobrem os cuidados, como uso de boas máscaras, distanciamento social, lavagem frequente de mãos, tomem a vacina assim que for disponibilizada e tenham um acompanhamento com especialista. “Cada caso é um caso, uma paciente com obesidade ou outros fatores de risco sérios para a forma grave da Covid-19, deve ser avaliada criteriosamente antes de realizar um tratamento para engravidar e, em determinados casos, talvez o ideal seja o congelamento de embriões e perder o excesso de peso para planejar a gravidez para um momento mais adequado”, explica o médico Joaquim Lopes, especialista em Reprodução Humana e diretor do Cenafert e da Insemina, clínicas especializadas em reprodução assistida.

No caso de mulheres no limite da capacidade reprodutiva, o adiamento pode significar abdicar do sonho de ser mãe. “Mulheres com idade superior a 35 anos, quando a fertilidade declina consideravelmente, ou aquelas que têm reserva ovariana reduzida, são consideradas ‘tempo sensíveis’ do ponto de vista reprodutivo, portanto não devem adiar o projeto de maternidade. Postergar o projeto reprodutivo dessas mulheres pode comprometer definitivamente o sonho de ser mãe”, esclarece a médica Gérsia Viana, especialista em Reprodução Humana, das clínicas Cenafert e Insemina.

Os dois especialistas afirmam que muitas pessoas que interromperam o projeto de ter filhos em função da pandemia estão tendo que lidar com um grau de ansiedade muito elevado. “Muitos casais que sofrem de infertilidade e mulheres no limite da sua reserva ovariana que adiaram os tratamentos para ter filhos foram duramente impactados e estão com danos emocionais pela possibilidade de não mais conseguirem ter filhos”, explica Joaquim Lopes.

Segundo o médico, “uma mulher com menos de 30 anos e vida sexual ativa, que deseja ser mãe, pode esperar até dois anos para que aconteça a gravidez se ela já foi avaliada por um especialista e não apresenta nenhum problema que possa afetar sua fertilidade. Caso a mulher tenha mais de 30 anos não deve aguardar mais que um ano para iniciar uma investigação com o especialista. Se atingiu 35 anos, o prazo de espera não deve ultrapassar seis meses. Após os 40 anos se a mulher deseja engravidar deve, de imediato, iniciar a investigação da sua capacidade fértil”.

Para manter a saúde reprodutiva durante a pandemia, os especialistas ressaltam a importância dos hábitos saudáveis: manter-se no peso adequado, ter uma alimentação equilibrada, controlar o estresse e a ansiedade, dormir bem, não fumar, evitar consumo excessivo de bebida alcoólica, e, se possível, praticar atividade física regularmente.