Dia 23 de abril (próxima sexta-feira), é comemorado o Dia Mundial do Livro. A inclusão da data no calendário mundial ocorreu há 26 anos, durante uma Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), instituição de abrangência internacional vinculada à Organização das Nações Unidas, com o objetivo de reconhecer a importância do livro e do escritor para o desenvolvimento da humanidade. Qual foi o último livro que você leu inteirinho?

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Pró Livro, entre outubro de 2019 e janeiro de 2020, revelou que o brasileiro lê, em média, cinco livro por ano, sendo em torno de 2,5 leituras do livro por inteiro e 2,4 parte dele. O mapeamento ouviu 8.076 pessoas, em 208 municípios, com idade a partir dos 5 anos a adultos com mais de 70 anos. As leituras relatadas foram indicadas pela escola e por vontade própria.

Professora de produção de texto para as séries iniciais do Colégio Cândido Portinari para crianças com idade entre 10 e 12 anos, Maria Angélica Cardoso acredita que a escola e a família devem ser os grandes incentivadores do hábito da leitura. “A descoberta da leitura acontece de modo particular e diferente para cada pessoa. Ela pode começar desde a infância, quando os pais leem para os filhos antes de dormir, da avó que conta histórias do seu tempo, na escola com o estímulo da leitura de livros, com os professores iniciando um capítulo de uma narrativa, uma conversa com um escritor e por meio de projetos de Literatura”, avalia a professora, que há 5 anos promove projetos de incentivo à leitura com o Portinari, a exemplo do “Contação de Histórias” e o “Conto de Fadas Diferentes”.

Por causa da pandemia, os projetos foram adaptados para o ambiente on-line. Além do objetivo pedagógico – estudo do gênero textual, escrita, oralidade e revisão dos textos -, o projeto “Contação de Histórias” tem a intenção de apresentar ao aluno o universo das narrativas e dos contos clássicos como instrumento para estimular o gosto e o hábito da leitura e desenvolver a imaginação. Para atrair a atenção do aluno nesse contexto virtual, Maria Angélica explica que eles são convidados a partilhar com os demais alunos as narrativas desenvolvidas por eles a partir da leitura de livros e de filmes aos quais tiveram acesso. “Os resultados são maravilhosos, eles se vestem com os personagens, desenvolvem a escuta, a oralidade e a escrita. Percebemos ainda que durante a prática eles entendem a importância da cooperação e socialização, algo que é extremamente importante nessa fase de distanciamento físico”, analisa a professora. Durante a prática das atividades, os alunos chegam a ler 6 livros, em média.

Derivado dessa iniciativa, a partir da apresentação de narrativas de personagens populares, outro projeto surgiu. “A ideia do Conto de Fadas Diferentes apareceu no momento em que eles abordavam temas relevantes e atuais, temas sobre a natureza e questões sociais, por meio de personagens já conhecidos. Eles passaram a criar versões mais modernas, trazendo novas perspectivas, contextos mais atuais e com características mais representativas do perfil brasileiro”, revela Maria Angélica.