Era para ser apenas uma experiência virtual, mas “A Voz do Coração” é muito presença. Para a live virar um show presencial, foi só questão de tempo. Ao lado do pianista Danilo Andrade e do percussionista Marcelo Costa, responsáveis pelos arranjos, a cantora Jussara Silveira está percorrendo o Brasil “cantando a liberdade de amar e se relacionar com o mundo”.

O show traz clássicos do repertório de Jussara e lançamentos como o single “Três”, número representativo na carreira da cantora mineira. “Quando escolhi essa música pensei no trabalho que construí com Marcelo e Sacha, que é um trabalho de três. Era a cara da gente. E a letra traz essa liberdade de amar e se relacionar com o mundo. Quero falar sobre o que vem, o que a gente pode e deve fazer para seguir cantando”, conta Jussara. O trio esteve junto em “Ame ou se Mande”, “Flor Bailarina” e “Pedras que Rolam, Objetos Luminosos” que embasam o repertório de “A Voz do Coração”.

O tango, de Marina Lima e Antonio Cícero, não integra o repertório dos três discos, baseados no cancioneiro brasileiro e angolano. “Contato Imediato” (Arnaldo Antunes/ Marisa Monte/ Carlinhos Brown) também se refere ao show presencial. “Eu queria fazer esse contato imediato de um palco, como se o espetáculo fosse uma grande nave na qual todos pudéssemos ser passageiros, livres para navegar juntos”, explica.

O repertório do show mostra a diversidade de “sotaques”, as aproximações melódicas e rítmicas, as abordagens temáticas, enfim, as semelhanças e dessemelhanças entre os universos artístico-culturais da língua portuguesa. De “Flor Bailarina”, vem o gingado de “Canta meu Semba”, de Paulo Flores, e “Lemba”, de José Manoel Canhanga, expoentes da música angolana.

Do álbum “Pedras que Rolam, Objetos Luminosos”, com parcerias de Beto Guedes e Ronaldo Bastos, tem “Choveu”. Também é de Bastos, em parceria com Celso Fonseca, a canção-título, “A Voz do Coração”. O espetáculo trará músicas que o público pede, como “Dama do Cassino” e “O Nome da Cidade”, de Caetano Veloso, e “Dê um Rolê”, de Moraes Moreira e Galvão.

Não faltarão Zé Miguel Wisnik, “Tenho Dó das Estrelas”, sobre poema de Fernando Pessoa; Vinicius Cantuária e Chico Buarque, com “Ludo Real”; Zeca Baleiro, com “Babylon”; além dos baianos que sempre marcaram a obra da cantora nascida em Minas Gerais e criada em Salvador. Roberto Mendes e J. Velloso, na linda “Doce Esperança”, Cézar Mendes (irmão de Roberto) e José Carlos Capinan, em “Ifá”.