Depois de um São João intenso, com apresentações pelo interior da Bahia, o Psirico volta à capital baiana para celebrar suas raízes. Nesta quinta-feira (26), acontece a aguardada edição de 2025 do Arrastão do MV, pelas ruas do Engenho Velho de Brotas, bairro onde nasceu e cresceu Márcio Victor, líder do grupo. Como de costume, o trio sai da Nova Ondina, na região do Solar Boa Vista, às 19h.

Mais do que um evento musical, o Arrastão do MV é um reencontro afetivo com a comunidade e com a tradição do Samba Junino, manifestação cultural que pulsa no Engenho Velho e tem no Psirico um de seus maiores defensores. O desfile, que se tornou tradição no calendário cultural do bairro, reúne moradores, fãs e foliões de toda a cidade para um cortejo vibrante, regado a muito pagode, samba no pé e memória afetiva, além de movimentar a economia local.

Para Márcio Victor, manter o Arrastão vivo é mais do que um compromisso artístico: é um dever social e cultural. “A cultura do Engenho Velho formou músicos, capacitou pessoas, me formou. Quando muitos jogavam bola, a gente brincava de música nas ruas. Essa tradição continua com as crianças tocando percussão, formando grupos, criando arte. É uma cultura que mistura todo mundo, independente de cor, religião ou classe social. Por isso, faço questão de manter essa chama acesa”, afirma.

O repertório apresentado durante o cortejo é cuidadosamente pensado para valorizar essa trajetória. “A gente passa por lugares onde o Psirico foi criado e faz referência aos grupos de samba junino, que são a base rítmica da nossa banda. É um repertório especial, afetivo. Cantamos sambas de roda, que o povo ama, e também músicas que marcam nossa história, como ‘Ai’, que fala sobre o início da nossa trajetória e tudo que construímos até aqui. Mesmo sendo premiado em Nova York, mantemos aquele mesmo groove, o samba duro, essa mistura que é a cara do Psirico”, completa.

Além dos sucessos consagrados como “Lepo-lepo”, “Mulher Brasileira” e “Firme e Forte”, o show conta com hits recentes como “Molen-Molen” e “Maria Chiquinha”, que ganhou o coração das crianças. Faixas como “Pula Pula na Fogueira” — uma criação junina com a assinatura do grupo — e forrós que remetem à infância de Márcio como marcador de quadrilha também estão no setlist. “Tudo isso nasceu no Engenho Velho e ganhou o mundo. É uma celebração das nossas raízes e da força cultural do nosso bairro”, reforça o cantor.

O impacto do Arrastão vai além da música. Márcio destaca a importância econômica e social do evento para os moradores da região. “A gente escutou o depoimento de uma mulher que contou como o Arrastão ajuda na educação das filhas, porque ela consegue uma renda com as vendas. Os ambulantes já esperam esse dia para fazer um trocado. Isso também é motivo pra seguir com esse projeto, faça sol ou chuva.”

A concentração começa às 18h, com saída às 19h. O cortejo segue até o final de linha, onde acontece um show especial com convidados da própria comunidade, artistas do samba, do rap, do arrocha e de outras expressões que fortalecem a cena local. “É importante dar visibilidade a essa galera da periferia que tem talento e precisa de oportunidade. O Engenho Velho é um celeiro musical, e o Arrastão é também um palco pra revelar novos nomes”, diz Márcio.

Ele finaliza com um convite emocionado: “O bairro todo canta, meus amigos de infância, as famílias, todo mundo chega cedo. É uma festa da paz, uma festa família. Todo mundo se prepara, se enfeita com roupa junina. É a celebração da cultura da minha cidade, do meu estado. Vem todo mundo. Vem na paz. E a gente se encontra lá.”

Encerrando em grande estilo a temporada junina, o grupo ainda segue para mais uma apresentação no interior baiano: no dia 27 de junho, o Psirico sobe ao palco na cidade de Rio do Pires, abrindo os festejos de São Pedro com uma apresentação para fechar junho em alto nível.

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