O fotógrafo baiano Voltaire Fraga produziu alguns dos mais sensíveis registros de uma Bahia que não existe mais. Seu olhar instigante, situado entre o artístico e o etnográfico, percorreu os muitos cantos da cidade de Salvador, flagrando o cotidiano do seu povo, suas tradições e festejos, sua espontaneidade nas ruas, sua herança religiosa e cultural. Uma parte dessa obra poderá ser vista entre 30 de agosto e 9 de setembro, na Roberto Alban Galeria, no bairro de Ondina. Uma rara oportunidade para mergulhar no universo de um dos mais importantes fotógrafos da Bahia.
Especialmente entre 1930 e 1960, Voltaire Fraga circulou pela cidade com sua câmera Volkslander, de origem alemã, registrando o que lhe tocava a alma. Por isso mesmo, as fotos produzidas, sempre em preto-e-branco, revelam-se de um primor estilístico e conceitual que impressiona. O reconhecimento nacional teve como marco uma exposição realizada em 2009 pela Pinacoteca do Estado de São Paulo, sob curadoria de Diógenes Moura, que reuniu cerca de 100 fotografias do artista.
Na atual exposição na Roberto Alban Galeria a curadoria é de Dilson Midlej, doutor em Artes Visuais e professor da Escola de Belas Artes da UFBa. Midlej enaltece o que considera um diferencial no trabalho de Voltaire Fraga: “O que o distingue é justamente o olhar poético denotado em suas narrativas visuais, o universo temático e as preferências estilísticas que tomam forma por meio dos recursos possibilitados pela fotografia (enquadramento, claro-escuro, texturas, filtros, desfocagem da imagem, etc.)”, observa.