O escritório de arquitetura Andrade Schimmelpfeng faz este ano a sua primeira incursão na Casacor, assumindo grandes desafios e ressignificando funcionalidades. Com 15 anos no mercado, projetos reconhecidos principalmente nos segmentos comercial, industrial e de incorporação imobiliária, seus arquitetos assinam o hall de entrada da casa que abrigará este ano a principal mostra de decoração da Bahia, aberta ao público no período de 21 de outubro a 4 de dezembro, no endereço Rua Sapucaia, 117, Horto Florestal, em Salvador.
O arquiteto e CEO do escritório, Walter Schimmelpfeng, afirma que o ponto de partida do projeto foi responder ao questionamento de como transformar o hall de entrada de uma residência, pré-definido como o local de passagem para os moradores ou para receber visitas rápidas, num ambiente aconchegante, com reminiscências familiares que convocam, nesses tempos conturbados, o morador a “virar a chave”, mudar o mindset (mentalidade), por exemplo, do mundo do trabalho para o lar da família. As influências declaradas do projeto são o artista dinamarquês-islandês Olafur Eliasson e a arquiteta e designer chinesa Li Xiang.
Os desafios arquitetônicos que o Andrade Schimmelpfeng tinha pela frente não eram pequenos. O principal, possivelmente, foi transformar em acolhedor um espaço antes destinado a ser o “fundo” da casa. Com a inversão da ordem arquitetônica original pelo masterplan da Casacor 2022, a área de serviço e a cozinha se tornaram o hall de entrada. E são esses os espaços que foram ressignificados e se tornaram o portal de ingresso na casa da família.
Uma série de soluções arquitetônicas foi acionada. “O revestimento em madeira certificada foi usado para dar ao espaço um clima aconchegante. A opção serviu ainda para evitar a quebra do azulejo e a produção de resíduos. Outra alternativa adotada, desta vez para criar a sensação de ampliação do espaço, foi a colocação de espelho no teto e na parede em frente à entrada do hall”, afirma Schimmelpfeng.
A associação do teto espelhado com elementos arquitetônicos, como curvas e arcos instalados nos painéis de madeiras, dá ao local a ideia de passagem, trazendo a sensação de se estar em uma galeria, um corredor. O espelho na cobertura e o piso polido produzem um jogo de reflexos que duplica esses elementos e dilata a percepção do espaço.
Desafio adicional
Além disso, um desafio adicional para o escritório foi a ausência de fontes de iluminação natural. O espaço não tem janelas. Com painéis de madeira foi possível criar um arco que simula uma janela, dentro do qual foi construída uma chaise longue (cadeira longa). “Tivemos que criar um elemento circular em forma de nicho para movimentar o ambiente. Toda a iluminação artificial está embutida no revestimento de madeira. Não há luminárias pendentes. Essa iluminação indireta e o contraste dos espelhos com a madeira se somam para criar a desejada sensação de aconchego”, avalia Walter Schimmelpfeng.
Em geral, um hall de entrada se caracteriza por ser um ambiente decorado sem funcionalidades. O hall proposto pelo escritório Andrade Schimmelpfeng não é apenas um espaço para receber visitas rápidas, mas também uma chamada para o morador perceber que a partir dali é preciso desligar os botões de outras funções e acionar o modo família. Por isso, dentre as funcionalidades propostas pelo projeto, existe um open bar com bebidas quentes, como um primeiro passo para relaxar e o estar em seguida dedicado inteiramente à família. Ou a possibilidade dos filhos carregarem celular ou jogarem game, enquanto aguardam os pais lhe buscarem para algum evento social. Os livros, as obras de arte e objetos da família reforçam o conceito desta edição da Casacor, o “Infinito Particular”.
No ambiente há dois espaços complementares: um canto para chegar e relaxar, com lugar para largar objetos, tomar um drink e se sentir em casa; e o canto das memórias e reflexos, com uma estante iluminada que expõe itens que contam a história da família e móveis que convidam à leitura. O escritório Andrade Schimmelpfeng está trazendo ainda à Salvador, para a Casacor, obras dos artistas plásticos Júnior Brandão, uma escultura de aço que retrata a forma do infinito, e obra de arte do designer e arquiteto Felipe Zorzeto.