A Copa do Mundo de Futebol Feminino está na reta final e as atletas brasileiras estiveram entre os assuntos mais comentados na internet. Marta, Debinha e Bia Zaneratto são apenas algumas das que se destacaram. Assim como elas, o esporte feminino do Brasil vem em escala crescente, com conquistas de títulos e nomes como Mayra Aguiar, Rayssa Leal, Rebeca Andrade fazendo história.
Cada vez mais mulheres se dedicam profissionalmente ao esporte. O que, sem dúvida, tem contribuído para dar maior visibilidade a essas atletas na sociedade. Na hora de competir, essas mulheres enfrentam situações como menstruação ou possível maternidade, e conhecer melhor como essas circunstâncias podem afetá-las pode ser decisivo na hora de tomar decisões sobre seu futuro pessoal e profissional.
É que algumas das consequências da prática esportiva intensa são um baixo nível de estrogênio ou mudanças bruscas de peso, que podem levar a níveis muito baixos de gordura, muitas vezes acompanhados de estresse gerado por esportes competitivos. Às vezes é por uma causa específica ou também pode ser uma combinação delas. E é aí que aparece a amenorreia, já que o corpo suprime ou altera o ciclo menstrual para compensar essas deficiências que afetam o físico das atletas.
“A amenorreia é bastante comum em mulheres em idade reprodutiva com alta atividade física, pois há um desequilíbrio entre as calorias que são fornecidas com a dieta e a energia que é consumida. Por tudo isso, os hormônios que regulam o funcionamento do ovário são afetados. Se ocorrer em tempo hábil, não precisa ser um problema de longo prazo. Mas uma amenorreia sustentada por um longo período de tempo pode causar infertilidade, ou seja, problemas para engravidar naturalmente”, conta a Dra. Genevieve Coelho, Diretora Médica do IVI Salvador.
Ciclo menstrual, treinamento e planejamento familiar
É fundamental que as equipes técnicas de atletas conheçam as características fisiológicas da mulher, o funcionamento do sistema endócrino e como a liberação de hormônios influencia o seu desempenho, afetando a sua força, resistência e flexibilidade. Além de aumentar sua produtividade como atleta, outro ponto importante é cuidar da alimentação.
“Se o exercício físico de alta intensidade não for acompanhado de uma boa alimentação, baseada em proteínas, gorduras de qualidade e carboidratos, pode causar distúrbios hormonais, já que são ingredientes fundamentais para a manutenção regular do ciclo hormonal. O referido baixo peso em combinação com deficiências de macronutrientes e exercícios de alta intensidade contribuem para um encurtamento da fase lútea (período entre a ovulação e a menstruação), secreção hormonal prejudicada e, consequentemente, queda nos níveis de estrogênio. Porém, é importante ressaltar que essa situação é reversível se não for mantida por muito tempo”, diz a Dra. Genevieve.
Com tudo isso, se essas mulheres decidirem dar o passo para se tornarem mães, precisam se planejar para que esse momento seja vivido de maneira simples e que sua profissão não influencie tanto. “Procurar aconselhamento médico para planejar uma possível maternidade, mesmo apostando na preservação da fertilidade desde cedo, não é incompatível com uma carreira esportiva de sucesso. A vitrificação de óvulos, nesse sentido, oferece a essas mulheres a possibilidade de preservar seus gametas na idade e qualidade do momento em que são vitrificados e que assim permaneçam pelo tempo necessário até que as atletas concluam seus objetivos profissionais e/ou decidam que é hora de realizar seu desejo maternal”, conclui a Dra. Genevieve.