Pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que 30% da população mundial sofre de bruxismo, transtorno caracterizado pelo ranger ou apertar dos dentes de forma involuntária, principalmente durante o sono, podendo levar a diversas complicações bucais e sistêmicas. No Brasil, esse número é ainda maior, e pode chegar a 40%.

A doença, que não tem cura, exige um tratamento multidisciplinar, que engloba uma série de mudanças comportamentais, farmacológicas e físicas, visando melhorar a qualidade de vida do paciente e minimizar os danos à boca. Para definição do melhor plano de tratamento, é necessário avaliação precisa. “Utilizo o Método DTC, para um diagnóstico diferencial, que envolve análises do cêntrico (apertamento), excêntrico (ranger), se é diurno, noturno ou ambos, e se é leve, moderado ou severo. Para isso, uso alguns artifícios, como placa diagnóstica, questionários específicos, palpação dos músculos envolvidos e polissonografias”, explica o cirurgião dentista Rodrigo Queiroz.

Com o diagnóstico feito de forma precisa, avalia-se a necessidade de adaptações ao descanso, com hábitos de higiene do sono, uso de suplementação ou medicação específica de tratamento, o uso de placas lisas ou dentadas, se necessário ajustes na oclusão (mordida), realizar reabilitação oral, bloqueio dos pontos de dor (nas fases agudas) e até mesmo o uso toxina botulínica em situações específicas. “A placa de bruxismo só reduz os danos causados pela doença, correspondendo apenas a 13% do tratamento, e precisa ser feita de forma personalizada e individual. Cada boca é única e cada tratamento também”, esclarece o especialista.

Rodrigo Queiroz salienta que é fundamental compreender que a saúde bucal não se resume a ter dentes bonitos. “Ela é essencial para uma qualidade de vida satisfatória, pois problemas na cavidade oral podem ter impactos físicos, psicológicos e sociais significativos”, conta o cirurgião dentista que está à frente da Clínica Evolute, em Salvador, e é especialista em estética oral, implantodontia e prótese pela USP, HOF na Tereza Scárdua e Bruxismo com Andrea Melo.