A história de Matilde começa há 20 anos, quando Paulo Gustavo, então estudante de Artes Cênicas da CAL, convidou Malu Valle para dirigir Infraturas (2005) — um compilado de esquetes cômicas que marcou o início de sua carreira e também a do colega de cena Fábio Porchat. O projeto foi um divisor de águas: impulsionou Paulo Gustavo e consolidou sua profunda amizade com Malu. Anos depois, em 2015, essa parceria ganhou novos contornos com a criação de Matilde, quando Paulo inverteu os papéis e convidou Malu para estar em cena sob sua direção. Agora, o espetáculo retorna como um desfecho simbólico daquele projeto de 2005, celebrando os 35 anos de carreira de Malu Valle e homenageando o revolucionário Paulo Gustavo.
Com texto de Julia Spadaccini e direção de Gilberto Gawronski, Matilde estreou no CCBB Rio de Janeiro, seguiu para temporadas em Belo Horizonte e Brasília e agora chega a Salvador, onde será apresentado de 5 a 29 de setembro, sempre de sexta a segunda-feira, no CineTeatro 2 de Julho. As vendas de ingressos serão abertas nesta sexta-feira, dia 29 de agosto, pela Sympla. O projeto é apresentado pelo Ministério da Cultura e pelo Banco do Brasil, com realização do Centro Cultural Banco do Brasil e produção da Bucker Produções Artísticas. A produção local em Salvador é assinada pela Carambola Produções.
MATILDE apresenta a história de uma mulher de 60 anos (Malu Valle), aposentada, que vê sua rotina pacata em Copacabana ser transformada ao alugar um quarto para Jonas (Ivan Mendes), um ator de 36 anos em busca de sua grande oportunidade. Com humor e sensibilidade, o texto de Julia Spadaccini aborda temas como envelhecimento, relações intergeracionais e os desafios da sociedade patriarcal.
O espetáculo, dirigido por Gilberto Gawronski, investe na comédia satírica para explorar os medos e anseios de Matilde e Jonas, personagens que se provocam, se desafiam e se transformam ao longo da narrativa, em reflexões sobre a discriminação etária e os estigmas sociais impostos às mulheres mais velhas, questionando tabus sobre sexualidade e identidade na terceira idade.
Um dos maiores artistas do Brasil, Paulo Gustavo, além de lotar os teatros por onde passava, enaltecia o espaço como poderosa arma de reflexão, que admite as contradições culturais e transpõe barreiras irreversíveis. Afinal, a crítica nasce quando a arte espelha a sociedade e faz valer seu poder de comunicação ao incorporar em uma mesma obra a multiplicidade de elementos que enriquecem o debate coletivo.
Em MATILDE, essa capacidade é potencializada ao máximo quando vai de encontro à comédia satírica, um gênero tido pelos ingênuos como sutil, para tratar um tema de relevância mundial – repensando grandes certezas e questionando estereótipos como um caminho para uma sociedade mais positiva e menos discriminatória.
Credito: Daniel Chiacos