O filme “Cartas Para”, de Vânia Lima (Têm Dendê Produções), foi selecionado para a mostra “Première Brasil: Novos Rumos” do Festival do Rio. O espaço é dedicado a obras que ousam, inovam e revelam novas vozes do cinema brasileiro, e promove a formação de público com a realização de sessões e debates abertos com elenco e equipe dos filmes, com ingressos a preços populares. A première acontece no dia 05 de outubro (domingo), às 18h45, no Estação Gávea 2, em uma sessão para convidados. No dia seguinte (06), às 16h15, é a vez da sessão no Estação Rio 5, com venda de ingressos pela ingresso.com, seguida de debate após a exibição. Já no dia 07 de outubro tem uma sessão aberta ao público, às 18h, no CineCarioca José Wilker 1, com venda também pela ingresso.com, a partir do dia 30.

No documentário, que tem distribuição da Lança Filmes, Paulina Chiziane, em Moçambique, Elisa Lucinda, no Brasil, e Raquel Lima, em Portugal, têm seus cotidianos revelados e alterados na troca de nove cartas que atravessam o Atlântico e sua história colonial. Desejos, angústias e lutas para seguirem escritoras na diáspora são apresentados em uma narrativa poética de sons, espiritualidades e corpos, que a existência desafia o racismo, machismo e xenofobia, mirando no futuro da Língua Portuguesa e seus falantes.

As artistas se debruçam sobre os processos que envolvem seus trabalhos, o papel da escrita em suas vidas e a descoberta de suas vozes. Elisa Lucinda, por exemplo, afirma, no filme, que considera o poema como uma carta. “Todo poeta está escrevendo uma carta, um bilhete. Mesmo que seja para si mesmo. Mesmo que seja para o imaginário. Nunca é sem remetente”, diz a poetisa que é também cantora e atriz. A brasileira se destaca no mercado editorial nacional e é uma das maiores responsáveis pela popularização da poesia no país.

“O poder de uma voz não conhece fronteiras e atravessa espaços e tempos. (…) Para ter voz, é preciso lutar por ela e conquistá-la”, escreveu Paulina Chiziane em carta para Raquel Lima, revelada no filme. “A escrita, para mim, funciona como esse espaço de exorcismo dos meus fantasmas”, diz, no filme, a escritora moçambicana, militante do feminismo, a primeira mulher negra a publicar um romance em Moçambique e a primeira mulher africana a receber o Prêmio Camões (2021).

“Eu acho que a língua é um espaço de poder, um espaço para problematizar. Mas também um espaço para ocupar e para reinventar”, analisa, no documentário, Raquel Lima, poeta, investigadora, arte-educadora e ativista portuguesa. Ela é doutoranda do Programa Pós-Colonialismos e Cidadania Global do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e a sua investigação centra-se em Oratura, Escravatura e Movimentos Afro Diaspóricos.

Diretora do projeto, Vânia Lima avalia que é um filme feito em parceria com as escritoras. “Acho que contamos uma história juntas, um filme com elas e não sobre elas. Foi uma experiência que mudou a minha forma de dirigir e de pensar documentário. O filme me ensinou a aceitar a força das histórias que ganharam vida própria durante a sua realização. O Festival do Rio será um primeiro encontro com o público, estou ansiosa e grata pela seleção em um dos maiores e mais tradicionais festivais do Brasil”, celebra.

Entre séries, curtas e filmes, Vânia Lima acumula a direção de mais de 30 projetos. Ela coordena a área de conteúdo do Grupo Têm Dendê, referência na produção audiovisual com uma cartela de mais de 50 títulos, empresa da qual é também sócia-diretora. No repositório de autores, encontram-se 69 registros de sua autoria em cinema e televisão. Vânia integra o Conselho Superior de Cinema, vinculado ao Ministério da Cultura do Governo Federal.

Além da direção de Vânia, “Cartas Para” tem Keyti Souza e Taguay Tayussy assumindo a produção executiva; Bruno Ramos como diretor de produção e Cláudio Antônio como diretor de fotografia. A produção é da Lima Comunicação, produtora brasileira independente, especializada no desenvolvimento de conteúdo digital e parte do Grupo Tem Dendê, e conta ainda com profissionais do Brasil, de Moçambique e Portugal. A empresa é referência nacional pela capacidade de realização, diversidade e pelas histórias reveladas em seus projetos. Completando 25 anos de atuação, o grupo Têm Dendê desenvolve conteúdos originais, produz e comercializa filmes, séries e projetos audiovisuais com foco em narrativas diversas, descentralizadas e com novos olhares sobre o Brasil.

A Lança Filmes, que assume a distribuição do filme, começou na área cinematográfica em 2004 e já atuou na produção e desenvolvimento de filmes e séries. Coordenou a distribuição de longas-metragens nacionais e internacionais, e exerceu o ofício de coordenação de programação de festivais de cinema nacionais e internacionais.

A obra foi realizada com recurso do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), através do programa Prodecine/ 2016 e Suporte Automático, gerido pelo Banco Regional do Desenvolvimento (BRDE) e Agência Nacional de Cinema (Ancine).

Foto Divulgação