Com estreia marcada para o próximo dia 06 de dezembro, às 20 horas, no Teatro Vila Velha, o solo “Aos 50 – Quem me aguenta?” marca uma nova fase da atriz baiana Edvana Carvalho (“Bando de Teatro Olodum”, “Malhação” e “Irmãos Freitas”).

Mais do que nunca, para a intérprete, este é o momento de falar sobre a mulher negra e sua maturidade, os aspectos sentimentais e sociais de seu empoderamento, abordando temas como sexo, envelhecimento, filhos, relacionamentos e sororidade ao ultrapassar as barreiras trazidas pelos 50 anos.

Edvana é autora dos textos do espetáculo, que fica em cartaz às sextas, sábados e domingos, até dia 22 de dezembro, no espaço intimista e descontraído do Cabaré dos Novos, inspirado no formato do Ted Talk, em que conversas curtas são apresentadas de forma bem-humorada sobre as diversas situações vividas no âmbito pessoal da intérprete.

“Aos 50 – Quem me aguenta?” traz uma abordagem crítica e consciente, de uma mulher frente às demandas de uma sociedade que ainda se guia pela valorização da juventude. Assim, temas como machismo, misoginia, racismo e preconceitos diversos, servem como fonte para quebrar paradigmas e mostrar as novas possibilidades do feminino no contexto contemporâneo.

“Essa peça vem para comemorar os meus 35 anos de teatro e a minha entrada na meia-idade. Estou vivendo outra fase na minha vida, que também é de total empoderamento. Já me tornei avó, gosto de dizer que me tornei vovógata!” – explica a intérprete e completa: “pela primeira vez vou ao palco sozinha, um desafio que eu mesma me impus pessoalmente e como artista, para falar sobre a mulher que eu vi crescer em mim nesses 51 anos de idade”.

Segundo Edvana, a peça toca em muitos tópicos, dentre eles relacionamentos, filhos, a síndrome do ninho vazio, questões sociais, cotidianas e, claro, situações engraçadas. Outra perspectiva, que permeia toda sua carreira, é a de ser um instrumento de representatividade. “Acredito que devemos estimular sempre a ideia de que meninos e meninas negros, oriundos da periferia, como eu, podem ser atores e atrizes. Podemos estar em todos os lugares que quisermos e, a cor da minha pele, origem e etnia, não podem ser entraves para isso” – reforça.

​Para o diretor Marcelo Praddo, falar sobre a maturidade, a passagem do tempo e seu significado é sempre engrandecedor. “Além do tema principal, que é o relato de uma mulher sobre sua experiência ao chegar aos 50 anos, outro componente importante é que estamos falando de uma atriz negra” – comenta. Ele acredita, assim como Edvana, que esta abordagem faz toda a diferença. “Isto acrescenta pontos importantes e delicados à discussão, como preconceito, discriminação e a dificuldade de sobreviver de arte num país como o nosso.” – frisa o encenador.