Para além das mudanças corporais, quando sonhadas, a readequação vocal tem se tornado um
grande marco na vida de pessoas transsexuais. Pesquisadora do tema há quatro anos, a Dra.
Erica Campos é pioneira na cirurgia de glotoplastia no Brasil. “Encontrei o meu propósito
quando a primeira paciente trans adentrou meu consultório, e me dispus a ajudá-la, pois sua
história me tocou profundamente. Eu já me debruçava sobre a cirurgia desde a formação
complementar que fiz nos EUA, e poderia deixar a voz dela mais feminina”, detalha a médica
otorrinolaringologista baiana. Aplicada especialmente em mulheres trans, a inovadora técnica
soluciona ainda aquele dito “problema” sem solução, pontua a especialista que atende em
Salvador e em Feira de Santana.
Técnica Moderna e Revolucionária
Nos EUA, Dra. Erica Campos se aprofundou na técnica revolucionária, e agora coloca sua
expertise à disposição dos seus pacientes. Assim, hoje, para segurança e comodidade deles, aqui
na Bahia, ela recomenda exames básicos e fonoterapia antes de cada procedimento para um
resultado mais consistente. “Na mulher trans, a glotoplastia diminui a prega vocal com suturas,
resultando na voz mais aguda. Não há cicatriz, já que a cirurgia é feita por dentro da boca.
Contudo, é preciso permanecer de 7 a 10 dias em silêncio absoluto. Por isso, oriento ao menos 30
dias de afastamento em casos de grandes compromissos vocais, como professores e palestrantes,
por exemplo”, explica, lembrando que, no mesmo dia dá, inclusive, para retirar o pomo de Adão. “É
uma questão estética, pois a retirada não interfere na voz”, completa. Por sua vez, a médica
esclarece que adota a Tireoplastia Tipo 3 para tornar vozes hiperagudas mais graves, como a do
lutador Anderson Silva. “É como diminuir a tensão das cordas de um violão, assim elas irão emitir
tons mais graves. Após cirurgia, que deixa uma pequena cicatriz no pescoço, a pessoa já sente a
voz transformada e tende a melhorar ainda mais a médio prazo”, completa, ressaltando que ambas
são relativamente rápidas, e têm indicação de 4 a 6 sessões de fonoterapia depois da cirurgia.