Além das comidas, decoração e danças típicas, os festejos juninos costumam trazer um aumento nos riscos de acidentes provocados pela negligência no manuseio de fogos de artifício e contato com fogueiras. No caso de queimaduras, saber o que não fazer é tão importante quanto saber o que fazer. As receitas caseiras, por exemplo, não devem ser usadas.

Dermatologista e professora do curso de Medicina da Universidade Salvador (UNIFACS), Naila Nunes alerta para os riscos do uso dessas receitas e as possibilidades de sequelas. “Embora algumas receitas caseiras sejam baseadas em ativos medicamentosos é necessário saber a classificação correta da queimadura para evitar possíveis complicações, como infecções, retardo na cicatrização ou o surgimento de alguma alergia ou irritação na pele”, afirma a especialista.

A médica também lembra: os riscos associados a uma queimadura aumentam à medida que o seu grau se torna mais severo. “Quanto maior o grau da queimadura, maior a profundidade da lesão na pele, levando a mais complicações. O primeiro grau da queimadura, normalmente, não gera um dano visível posterior, enquanto no segundo grau há formação de bolha, podendo gerar uma cicatriz maior e até risco de infecção. As lesões de terceiro grau são as mais complexas, necessitando de intervenção cirúrgica”, esclarece Naila Nunes.

Primeiros socorros e tratamento

Mesmo com os cuidados iniciais, existem ocorrências que necessitam de intervenção médica urgente, principalmente quando as queimaduras são extensas ou penetram várias camadas da pele. Conforme Letícia Braz, professora do curso de Enfermagem da UNIFACS, “bolhas que cobrem uma área grande da pele podem indicar uma situação grave. Queimaduras no rosto, mãos, pés, genitais, articulações ou grandes áreas do corpo também requererem atendimento especializado. Vermelhidão, inchaço, quentura ao toque e liberação de pus na área afetada são indícios de infecção”.

A depender da gravidade, o tratamento deve acontecer o mais rápido possível, pois os músculos, tendões e articulações têm chances de serem atingidos. Isso pode desencadear em problemas de mobilidade e função. Letícia Braz ainda acrescenta que queimaduras graves não tratadas tendem a complicações sistêmicas, como choque térmico, insuficiência renal ou respiratória e até mesmo morte.

A especialista destaca algumas medidas de primeiros socorros. São elas:

Em queimaduras leves ou moderadas, o paciente deve resfriar a área afetada com água corrente fria por, aproximadamente, 10 a 20 minutos. Isso ajudará a diminuir a dor, o inchaço e, muitas vezes, a limitar a extensão da lesão;
Deve-se evitar aplicar gelo diretamente na área, pois isso pode causar danos adicionais ao tecido. Se a queimadura for causada por roupas ou outros objetos que possam aderir à pele, não tente removê-los;
O paciente não deve aplicar manteiga, óleo ou outros produtos caseiros na queimadura, para não potencializar o calor na região e aumentar o risco de infecção.

Dicas

“Ao acender uma fogueira ou soltar fogos de artifício, por exemplo, é necessário se certificar de escolher um local aberto e afastado de árvores, edifícios e outras estruturas. Também vale manter uma distância segura de qualquer coisa inflamável usar dispositivos de ignição seguros, como fósforos longos ou acendedores de churrasco, e evitar usar líquidos inflamáveis, como gasolina, para acelerar os processos”, adverte a Letícia Braz.

Ela também aconselha ter um balde de água ou um extintor de incêndio por perto, pois isso pode ajudar a controlar pequenos incêndios ou apagar faíscas que possam causar queimaduras. Outro ponto importante é supervisionar as crianças e orientá-las, mantendo-as afastadas do perigo.

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