O trabalho que Amanda Tropicana realiza na fotografia, com foco na cultura e festas populares baianas, ganha uma nova página. A carioca radicada em Salvador desde a infância venceu o Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger neste ano, na categoria Ancestralidade e Representação, com o ensaio “Memórias do Patiti Obá”. Através das imagens, a fotógrafa registrou a vivência sob o olhar de filha de santo do Ilê Axé Obá Tadê Patiti Obá, terreiro do qual faz parte, fundado por Manoel Bonfim em 1907 no Engenho Velho da Federação, regido atualmente pela yalorixá Neide de Oxum, sua mãe de santo.
Com isso, Amanda se junta a outros 12 ensaios fotográficos que serão expostos coletivamente no Museu de Arte da Bahia, entre 06 de dezembro e 10 de março, e integrarão o catálogo do Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger 2023/2024. Além disso, ela participa de uma cerimônia de premiação que acontece no dia da abertura da exposição.
“Toca o alujá que Xangô está em festa! É com muita felicidade que venho anunciar que os orixás me deram a honra de estar em PRIMEIRO LUGAR no Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger, com o ensaio Memórias do Patiti Obá, na categoria Ancestralidade e Representação, no qual compartilho nas imagens a vida dentro dos braços e axé do grande rei da justiça dentro da casa em que sou filha! Sonho com esse prêmio desde 2012 e tô muito feliz e grata por não ter desistido de realizá-lo”, celebrou a artista em seu perfil nas redes sociais. Além desse trabalho, Amanda está expondo ainda no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA). A artista está na exposição “Entreatos Capítulo III: Fotografia”, uma mostra coletiva que acontece na Capela do museu. Amanda doou ao MAM a obra Flores ao Mar, de 2013 – uma imagem feita na Ilha de Itaparica, que integra a coleção.
Fotógrafa, mãe e filha das águas, como se identifica, Amanda nasceu no subúrbio do Rio de Janeiro, e mudou-se para Bahia, terra natal de seus pais, no ano 2000. Foi criada em Salvador, local onde também descobriu sua paixão pela fotografia, em 2005, ainda durante a escola, em um contra-luz feito na Ladeira da Barra. Desde então, segue fotografando sua relação com a cultura baiana e memória afetiva, além da sua trajetória profissional reconhecida pelo seu vasto trabalho na área em que se dedica. Profissional desde 2009, possui experiência nas áreas de fotojornalismo e fotografia documental com ênfase na cultura baiana.
É integrante da coleção de fotojornalistas brasileiros do projeto “Testemunha Ocular” do Instituto Moreira Salles, recebeu o prêmio de 1º lugar no VIII Salão de Fotografia da Marinha do Brasil e possui obras permanentes no Memorial Pierre Verger da Fotografia Baiana. Também participou de mais de 30 exposições, dentre elas: as internacionais “The Fifth Annual Exposure Photography Award”, no Museu do Louvre, Paris, e “Scope International Conteporary Art Show” em Miami; “Olhares Afro Contemporâneos”, em São Paulo (BRA) e “IBEJI ERÓ”, em Salvador (BRA). Além das exposições, integra a coleção “Fotógrafxs” da TokStok e trabalha em produções de audiovisual, como na série “Santo” (Netflix Espanha) e Samba de Santo (Globoplay).
A artista já teve publicações no site da National Geographic Brasil e em veículos impressos, como a revista alemã SportBild e nas revistas brasileiras Cláudia e Caras. Participou de eventos de fotografia, como facilitadora de oficinas e palestras como no Festival Os Brasis em SP (Red Bull Station) e na Semana de Fotografia da Bahia na Caixa Cultural de Salvador. Além disso, ensina em workshop de Fotografia Documental em aulas presenciais e online.
Amanda Tropicana – foto por Jonas Souza