Respeitar a chuva é como um mandamento para o sertanejo. Essa e outras experiências da espera e da chegada da queda d’água no interior baiano são o tema da nova canção de Julinha, intitulada ‘Chuva de Abril’, eleita uma das 50 músicas finalistas desta edição do Festival de Música Educadora. A faixa foi lançada nesta quinta-feira, 15 de dezembro, em todas as plataformas digitais de streaming, junto com um registro audiovisual no YouTube.
Escrita há seis anos, a letra carrega memórias da infância da cantora, natural de Riachão do Jacuípe e radicada em Salvador. “A espera pela chuva é algo que sempre me fascinou. Essa coisa da roça, de ficar olhando para o céu, de se preparar, cobrir os espelhos, tirar as coisas da tomada, falar baixo e não conversar muito em sinal de respeito à chuva. É uma música que tem as nossas verdades, é baseada no que eu vivi”, conta.
A canção narra, também, as sabedorias sertanejas nos modos de pressagiar e celebrar a chuva, vista como sinônimo de fartura para a zona rural. A letra traz elementos humorados como o cachorro apelidado com nome de peixe para atrair água e nomes peculiares de plantas do semiárido, como Carrancudo e Gerema.
“É a caatinga, a nossa floresta branca, em sua mais bela performance, tudo feito de muita memória, como o som da Quem-Quem cantando ao longe”, referencia Julinha.
A cantora cita, ainda, lembranças como as explosões de trovões e relâmpagos no céu, que metiam medo nas crianças, mas não assustavam os adultos. “Era aquele ditado de quanto mais chuva, melhor, e ficávamos naquela vontade de ir ver os córregos, açudes, riachos, passadiços, aquele mundaréu de água atravessando a ponte, a barragem”, recorda.
Feito em parceria com o artista Jalmy, o arranjo tem um marcante compasso 6/8 que conduz a música como uma veloz corredeira até o refrão, que se derrama num gostoso xote. Com percussão de Ícaro Sá, o single mistura diversos instrumentos criando várias atmosferas durante a escuta. A música tem o selo Benzza Music, de Paulo Mutti.