“Hoje tem jogo da seleção brasileira”. “Se eu jogo a bola, quebra tudo”. A palavra “jogo” está sendo empregada em duas frases diferentes, na primeira é substantivo masculino, na segunda é verbo. A língua brasileira é cheia de surpresas e neste caso a regra é clara: homônimos homógrafos. Mesma grafia, porém com pronúncia levemente diferente.

A construção de vocabulários e significados. Este é o ponto de partida da montagem “O Mundo das Minhas Palavras”, que volta a cartaz no Teatro Módulo, dias 18 e 25 de fevereiro, após uma breve pausa devido à festa momesca soteropolitana. Vencedor do Prêmio Braskem de Teatro 2018, na categoria Melhor Espetáculo Infantojuvenil, tem Augusto Nascimento e Fernanda Beltrão no elenco. A montagem é uma produção do Núcleo Teatro Viável. Os ingressos estão disponíveis no Sympla.

De forma lúdica e musical, o espetáculo infanto-juvenil apresenta uma dramaturgia que apresenta a constituição da linguagem como campo de interação das crianças com o mundo e com as outras pessoas. Ao falar em interação, as canções da obra, escritas pelo também dramaturgo e diretor Wanderley Meira, estão disponíveis nas plataformas de streaming.

De forma ágil e contemporânea, o espetáculo é uma conversa com o público sobre como os adultos, a educação formal, e a sociedade em geral vão disponibilizando as palavras para a construção da linguagem das crianças, e a maneira como as crianças vão capturando e guardando essas palavras ao mesmo tempo em que constroem sua personalidade e seu discurso pessoal, social e político.

Augusto Nascimento e Fernanda Beltrão se apresentam como atores adultos, estabelecem um bate-papo e, se alternam entre papéis de adultos, crianças, palavras e outros personagens do mundo infanto-juvenil, construindo uma reflexão sobre o assunto.

“O universo do espetáculo é o espaço da subjetividade das crianças: colorido, não linear, mas, ao mesmo tempo fluido, e em constante construção – essa é a máxima que norteia a construção da encenação, do cenário, do figurino, da iluminação e dos efeitos que ambientam a cena, associada ao pensamento de viabilidade de execução que norteia o pensamento do Núcleo”, diz Wanderley.

O Núcleo Teatro Viável é formado por Augusto Nascimento, Fernanda Beltrão, Guilherme Hunder, Monica Nascimento e Wanderley Meira, e tem como foco de pesquisa e realização a produção de espetáculos autossustentáveis, cujas apresentações não dependam de estruturas de casas de espetáculo, de forma que se possam realizar em espaços alternativos, com alta economia de energia elétrica.

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