Sucesso de público, o espetáculo Pele Negra, Máscaras Brancas – com todas sessões lotadas, tanto na primeira temporada no Teatro Martim Gonçalves quanto nas duas sessões do Domingo no TCA – volta a cartaz de 05 a 22 de setembro, às 19h, no Espaço Cultural da Barroquinha.
A montagem, que tem dramaturgia de Aldri Anunciação, é a primeira da Cia de Teatro da Universidade Federal da Bahia encenada por uma diretora negra, Onisajé (Fernanda Júlia). Os ingressos estão com preços promocionais até dia 31 de agosto, com valores de R$20 inteira e R$10 meia.
Com produção da DA GENTE Produções, Pele Negra, Máscaras Brancas é baseado em tese homônima de Frantz Fanon e tem referências de “Os Condenados da Terra”, outra obra do autor. O primeiro livro apresenta a ferida da subjetividade negra; o segundo traz uma proposta de ação sobre essa subjetividade falhada ou estragada do negro pela colonialidade.
A montagem da Cia de Teatro da UFBA é uma obra de ficção que se vale de quase todas teorias e ainda traz personagens analisadas pelo psiquiatra e filósofo. O dramaturgo define que a obra é distópica ao perpassar três períodos – 1950, 2019 e 2888. Presente, passado e futuro para falar sobre como o processo de colonização construiu sofrimentos psicológicos em corpos negros.
A montagem traz o próprio Frantz Fanon como personagem no ano de 2019 defendendo novamente sua tese de doutorado, rejeitada pela banca examinadora no ano de 1950 – Pele Negra, Máscaras Brancas, obra que atualmente é referência mundial para discussão sobre o racismo. Dois artistas interpretam esta personagem, Victor Edvani – ator preto e cisgênero – e Matheuzza Xavier – atriz, transgênera e preta.
Além do próprio Fanon, a obra traz uma família formada por seis personagens-tese que vivem em 2888. Nesse tempo-espaço, essas personagens desenvolvem as perspectivas ocidentalizadas de futuro para o negro e acabam sendo enclausuradas em uma casa devido a personagem Taiwo, filha do casal que foi infectada pela “náusea do desejo de saber-ser” e, com isso, ultrapassou os limites impostos pelo “Regime Único Mundial”.
Assim como Taiwo outras personagens da sua família já tinham sido infectadas em outros momentos pela “náusea do desejo de saber-ser” e invadiram a velha biblioteca que possui informações a respeito do processo africano pré-colonial. Manter esses livros/informações distante do povo negro, que foi colonizado e vem tendo sua memória escondida e apagada, é uma forma de controle sob os seus corpos.