Estar cercado de bons amigos pode fazer mais pela saúde do que muitos imaginam. Estudos mostram que vínculos afetivos estáveis reduzem o risco de depressão, fortalecem a imunidade e até aumentam a expectativa de vida – tema que ganha ainda mais visibilidade no mês em que se comemora o Dia do Amigo.
Uma pesquisa da Harvard Medical School, que acompanhou mais de 700 pessoas ao longo de 75 anos, concluiu que relacionamentos de qualidade são o fator mais importante para a felicidade e a longevidade, mais até do que dinheiro ou fama.
De acordo com a neurocientista e psicanalista Ana Chaves, as amizades verdadeiras atuam como um poderoso fator de proteção contra o estresse crônico, a ansiedade e até mesmo a depressão. “Quando nos sentimos emocionalmente conectados e aceitos por alguém, o cérebro libera neurotransmissores como a ocitocina e a serotonina, que promovem bem-estar e reduzem os níveis de cortisol, o hormônio do estresse”, explica.
Esse impacto positivo das conexões sociais também tem sido amplamente reconhecido por órgãos de saúde. Em 2023, o Cirurgião-Geral dos Estados Unidos, Vivek Murthy, publicou um relatório oficial alertando para uma “epidemia de solidão e isolamento social”, cujos efeitos sobre a saúde são comparáveis aos de fumar 15 cigarros por dia. Segundo o documento, a ausência de vínculos significativos aumenta o risco de doenças cardiovasculares, depressão, ansiedade, declínio cognitivo e morte precoce. “Conexões humanas são tão essenciais quanto alimentação e exercícios”, afirmou Murthy.
Ana reforça que, em momentos de crise emocional, contar com uma rede de apoio pode fazer toda a diferença. “Conversar com um amigo de confiança pode trazer alívio imediato, ampliar a percepção sobre o problema e impedir o agravamento de estados de sofrimento psíquico. Amizade não é só companhia: é cuidado mútuo.”
Além dos benefícios emocionais, as conexões sociais influenciam positivamente o corpo. Pesquisas indicam que pessoas com boas relações interpessoais têm menor risco de desenvolver doenças, apresentam melhor resposta imunológica e vivem mais tempo. “A solidão prolongada, por outro lado, já é considerada um fator de risco tão grave quanto o tabagismo ou a obesidade”, afirma Ana.
A recomendação da especialista é cultivar amizades com presença e escuta genuína. “Relações superficiais ou tóxicas não produzem os mesmos efeitos positivos. A qualidade do vínculo é mais importante do que a quantidade de amigos. O essencial é saber que existe alguém com quem contar e por quem se pode estar presente também.”
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