No dia Internacional Orgulho LGBTQIAP+ (28/06), a co-vereadora da Mandata Coletiva Pretas Por Salvador, Laina Crisóstomo, subiu ao púlpito, na Câmara Municipal de Salvador, e fez uma fala extremamente forte e representativa sobre o assunto. Ela que é mãe e lésbica, sustentava ao corpo uma bandeira nas cores do arco-íris, quando iniciou seu discurso:
“Hoje é um dia muito simbólico para nós e não é à toa que eu vim com essa bandeira que representa justamente o arco-íris que tem a ver com a nossa diversidade. Somos muitas letras, nós somos LGBTQIAP+ e que surjam mais letras do alfabeto até que todes nós nos sintamos representados pelo que somos. Não cabem mais armários, caixas e padrões, mas a gente sabe o quão é violento arrombar armários e corrente. A política é um espaço hostil para a nossa orientação sexual, para a nossa identidade de gênero, para a nossa cor, para os nossos corpos. Não é fácil carregar o título de única LGBT assumida dessa casa, porque aqui é uma casa que aprovou a lei téo nascimento, mas que tem gente aqui dentro que quer revogar essa lei. Hoje é um dia para falarmos sobre dores, sobre perdas e vamos lembrar do último final de semana que foi muito violento para nós LGBT, pelos crimes que aconteceram, ceifando a vida de pessoas”, pontou Laina.
Não por coincidência, a Mandata protocolou hoje o Projeto de Lei Luana Barbosa que visa estabelecer o dia 13 de abril, como o Dia Municipal de Enfrentamento ao Lesbocídio, buscando promover campanhas, atividades e ações públicas de enfrentamento e erradicação do lesbocídio, bem como de construção de uma cultura de não violência contra as mulheres lésbicas. Este projeto de lei, se inspira na PL protocolada pela Deputada Estadual do Rio de Janeiro Mônica Francisco (PSOL). O dia remete à data de morte de Luana Barbosa dos Reis Santos, que faleceu, aos 34 anos, vítima de violência policial, no ano de 2016, em Ribeirão Preto (SP), uma mulher, negra, lésbica, periférica e mãe.
“Luana Barbosa tinha a minha idade e hoje a gente tá aqui para fazer memória a ela e combater e enfrentar o lesbocídio. Não adianta a Câmara botar luz colorida a noite, se dentro dessa casa tem gente tentando revogar uma lei que é tão importante para nós”, disse, Laina que aproveitou a oportunidade para fazer uma proposta para Geraldo Júnior, presidente da Câmara: “E aí presidente, quero lhe provocar dizendo: ‘nesse dia do Orgulho LGBT que essa Sessão seja presidida pela única LGBT da casa: sou eu mesma”, disse ela.
“Vossa Excelência está representada por todos nós, por mim, pelo vereador Paulo Magalhães […] eu represento a Vossa Excelência aqui”, disse Geraldo, fazendo a co-vereadora retornar ao púlpito para explicar que não há representatividade de um homem branco cis e hétero, em torno de uma mulher negra, LGBT, mãe e gorda. “Não, não. Você não me representa, não. Eu sou mulher preta e sapatão e não me sinto representada por homem branco, cis e héreto. Ou sai do armário ou não me representa”, concluiu ela.