Com a aproximação do Dia dos Pais, celebrado em 10 de agosto, especialistas reforçam a importância de ampliar o debate sobre a saúde reprodutiva masculina. Apesar dos avanços na medicina, a fertilidade do homem ainda é um tema cercado por desinformação, silêncio e negligência. Estima-se que cerca de 15% dos casais brasileiros enfrentem dificuldades para engravidar após um ano de tentativas sem contracepção. Entre esses casos, aproximadamente 30% têm como causa exclusiva o fator masculino, o que representa mais de 3 milhões de brasileiros afetados pela infertilidade. Mesmo assim, muitos homens só procuram ajuda médica após anos de tentativas frustradas de gravidez no relacionamento. “É comum que a investigação da infertilidade comece apenas pela parceira. O fator masculino segue sendo subestimado, mesmo estando presente em uma parcela significativa dos casos”, afirma o médico Fábio Vilela, especialista em reprodução assistida do IVI Salvador, que faz o alerta sobre a necessidade de os homens se cuidarem mais.
A ausência de acompanhamento médico preventivo, somada à dificuldade cultural em lidar com questões relacionadas à saúde íntima, contribui para diagnósticos tardios e para a evolução silenciosa de condições que poderiam ser tratadas com maior eficácia se identificadas precocemente. Diversos fatores afetam a fertilidade masculina. Infecções sexualmente transmissíveis, como clamídia, gonorreia e HPV, estão entre as causas mais comuns de inflamações nos testículos e nos epidídimos, comprometendo a produção e a qualidade dos espermatozoides, muitas vezes sem apresentar sintomas evidentes. A varicocele, dilatação das veias da bolsa escrotal, é outra condição frequente, associada à elevação da temperatura testicular e à queda na qualidade do sêmen. Estima-se que ela esteja presente em até 50% dos casos de infertilidade masculina primária. Alterações hormonais, obstruções nos canais deferentes e casos de azoospermia, a ausência total de espermatozoides, também comprometem a capacidade de reprodução.
Além dos fatores clínicos, o estilo de vida tem impacto direto na fertilidade. Hábitos como tabagismo, consumo excessivo de álcool, uso de drogas, alimentação inadequada, excesso de peso, sedentarismo, estresse crônico e privação de sono interferem na qualidade seminal e nos níveis hormonais. “O cuidado com a saúde reprodutiva passa por escolhas cotidianas e não pode ser deixado para depois. Pequenas mudanças de hábito já são capazes de gerar impacto positivo nos resultados dos exames”, complementa o especialista.
A medicina reprodutiva oferece alternativas viáveis mesmo diante de quadros complexos. Exames simples como o espermograma podem identificar alterações importantes, orientando a escolha do tratamento adequado. Em alguns casos, mudanças no estilo de vida e suplementação vitamínica são suficientes. Em outros, técnicas como a inseminação intrauterina ou a fertilização in vitro (FIV) são indicadas, com coleta de espermatozoides por punção ou biópsia testicular. Quando não há produção viável, a doação de sêmen surge como solução segura e amplamente regulamentada. O processo é sigiloso, ético e realizado em clínicas especializadas, com rigorosos protocolos de segurança, exames genéticos e suporte psicológico.
“A paternidade pode se concretizar de diversas formas. Mesmo quando a produção de espermatozoides é muito baixa ou ausente, conseguimos buscar essas células diretamente nos testículos por meio de técnicas como a punção ou a biópsia testicular. E em casos em que não é possível encontrar espermatozoides viáveis, a doação de sêmen se apresenta como uma alternativa segura e eficaz”, destaca o médico do IVI Salvador. A doação de sêmen, cada vez mais comum nos tratamentos de reprodução assistida, permite que casais heterossexuais, casais homoafetivos e pessoas solteiras tenham acesso à paternidade. Para muitos homens que enfrentam infertilidade irreversível, esse gesto representa não apenas uma chance real de formar uma família, mas também uma forma de ressignificar o desejo de ser pai. “A paternidade pode se concretizar de diversas formas. O mais importante é não abrir mão do desejo de construir uma família. Estamos ao lado de quem busca esse caminho”, conclui o Dr. Fábio Vilela.
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