Nesta quinta-feira, dia 15 de dezembro, às 19h, no Museu de Arte Moderna da Bahia – MAM, uma das maiores lideranças religiosas afro-brasileiras, a Egbomi Nice, do Terreiro da Casa Branca, lança sua autobiografia “Oloyá, Egbomi Nice e o Bailar das Borboletas”, um livro etno-fotográfico escrito a partir do depoimento de 50 pessoas indicadas por Egbomi Nice para contar a sua história.
“Oloyá, Egbomi Nice e o Bailar das Borboletas” conta a trajetória de Egbomi Nice a partir dos diferentes lugares onde ela atua: o mundo do catolicismo, o universo dos candomblés e a sociedade civil. O nome do livro foi escolhido pela própria autora. A ele foi apenas acrescentada a palavra Oloya, que é o maior título dentro do culto de Oyá. Oloya, confunde-se com a própria Iansã e acertadamente é desta maneira que o mundo dos candomblés reconhece Egbomi Nice.
O livro possui nove capítulos porque nove é um número que remete a um dos títulos do Orixá Iansã. O trabalho da fotografia foi completado pelas ilustrações de Rodrigo Siqueira que também fez uma pintura de óleo sobre tela representando a autora, ao lado de oito borboletas. A nona borboleta é a imagem da autora, “porque Iansã confunde-se com a borboleta”.
A história de Egbomi Nice permitiu ao professor Vilson Caetano se debruçar sobre histórias de outras mulheres que ajudaram a consolidação do candomblé jeje-nagô, no Brasil a partir de uma pesquisa documental realizada no Arquivo Público, nos Arquivos da Santa Casa de Misericórdia da Bahia e nos Arquivos da Curia Metropolitana de Salvador.
O livro justifica-se pela importância de Egbomi Nice para a comunidade negra em geral, em especial o povo de santo. Também pela sua atuação política através da inserção na luta contra o racismo, o preconceito e outras formas de discriminação. É um trabalho realizado pelo prof. Dr. Vilson Caetano, antropólogo, que nos últimos anos tem se dedicado a “ouvir histórias” e apresentá-las na forma de livros, respeitando a linguagem e a autoria das pessoas, a sua maioria pais e mães de santo.
A publicação de um trabalho desta natureza valoriza os saberes mantidos ao longo do tempo através da oralidade, respeitando as diferentes maneiras e formas de transmissão. É por fim, a realização de um sonho de uma mulher negra que manifestou o desejo de deixar registrada na forma de livro a trajetória de sua vida através de depoimentos de outras pessoas sugeridas por ela durante a pesquisa que se realizou na cidade de Salvador, Região Metropolitana e Recôncavo Baiano.