“Se um palhaço e uma soldada não conseguem conversar e chegar a um acordo, imagina nações brigando?”. Esta é uma afirmação interrogativa de “Piolhinho”, uma personagem palhaço interpretado pelo ator Marconi Arap em O Poderoso de Marte, de autoria do dramaturgo Tom S. Figueiredo e direção de Osvaldo Rosa, espetáculo infantojuvenil escrito especialmente para ser encenado pelo Grupo Teca Teatro, décima terceira obra do grupo em seus 20 anos, em cartaz até 01 de outubro, sábados (16h) e domingos (11h), no Teatro Sesi Rio Vermelho.
A montagem, que conta com o apoio financeiro do Estado da Bahia, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda, Fundação Cultural do Estado da Bahia e Secretaria de Cultura da Bahia, traz como pano de fundo o planeta Marte numa secular guerra mundial, sendo dizimado por seus habitantes, comandado por um Duque e sua sede sanguínea de poder. A entrada é a preços acessíveis de R$30 inteira e R$15 meia, com venda pelo Sympla (https://www.sympla.com.br/o-poderoso-de-marte__1710326) e na Bilheteria do Teatro. A temporada tem classificação indicativa a partir dos 08 anos de idade.
Em meio a uma paleta de cores que dialogam com o cobre, exacerbadas pela iluminação (Allisson Sá), maquiagem, cenário e figurino (Leonardo Teles), O Poderoso de Marte nos apresenta o conflito do palhaço andarilho Piolhinho (Marconi Arap) e da soldada Atenas (Luciana Comin) – convicta de sua herança militar, que se esbarram durante a longa guerra que assola o planeta Marte. Este encontro é marcado por um conflito entre duas visões de mundo aparentemente inconciliáveis: ele quer a ajuda da militar para formar um circo, a militar quer que ele se junte a ela em um novo exército.
Atenas quer destruir o inimigo com armas e seu Poderoso Exército de Marte. Piolhinho, a lona e o riso, como instrumento de diálogo e levante da bandeira branca, da paz, com o Poderoso Circo de Marte. A polarização ocorre durante boa parte do espetáculo sem chegar a um acordo, no intuito de provocar o público o exercício da sensibilidade e a reflexão da tolerância, a coexistência de diferentes ideologias, o autoritarismo, o lugar da luta e da arte na sociedade e, acima de tudo, a importância do pensamento democrático na construção de uma sociedade pacífica.
O planeta Marte é apenas uma alegoria, uma maneira de falar, sob uma máscara de ficção científica, a respeito de temas que não podem ser excluídos da infância. Assim, ora explorando o humor, ora explorando o drama, o texto busca este diálogo sincero com seu público, sem subestimar a inteligência da criança, e oferecendo um texto com diferentes camadas de fruição para ser também apreciado por jovens e adultos.
A respeito disso, a atriz Luciana Comin acredita que apresentar este tipo de temática ainda na infância e na juventude é importante para mostrar que a coexistência com pessoas e discursos diferentes é necessário. “Esse é um convite que fazemos às famílias que assistirão ao espetáculo. Excluir as crianças do debate social é não oportunizar meios de aprendizado importantes para seu desenvolvimento”, provoca a intérprete de Atenas.