Esta semana em uma enquete sobre o que escrever para a coluna Life Style, me foi sugerido alguns temas bastante interessantes que acabam se interligando quando estruturalmente construímos uma linha de raciocínio voltada para os diversos estilos de vida em um tema bastante debatido atualmente, a Pós-modernidade.

Mídias Sociais, relacionamento interpessoal, individualidade, autoconhecimento, técnicas de meditação, literatura crítica de comportamento social e, por fim assuntos que associem estética a saúde física e mental, foram as sugestões e estarei comentando sobre elas em algumas publicações. São temas interessantíssimos, e que devemos sim, nos debruçar com mais entusiasmo, pois tratam necessariamente do conflito das pessoas com o que é de fato necessário para viver, os desejos e a constante busca pelo equilíbrio, hoje enunciado como “qualidade de vida”.

Falar de Pós-modernidade é algo que requer um mergulho em alguns conceitos e escola de pensamentos. O uso do termo tem sido costumas, mas existem diversas vertentes e citaremos algumas delas sem esquecer de contextualizar historicamente, pois assim como Leandro karmal, historiador brasileiro, penso que os valores se modificam e são elásticos quando pensadas sua distancia temporal.

O marxista norte-americano, Frederic Jameson, acredita que a pós-modernidade seria o desenvolvimento do “capitalismo recente”, termo que o mesmo utiliza para designar o “capitalismo tardio”, correspondente a terceira fase do capitalismo. Para Gilles Lipovetsky o termo hipermodernidade seria a aplicação mais adequada, pois para ele não houve o rompimento do período moderno. Gilles acredita que hoje temos em exacerbado o individualismo (liberdade do individuo frente a um grupo ou sociedade), o consumismo e a ética hedonista (de origem grega, o hedonismo filosófico moderno de Aristipo de Cirene, busca fundamentar a felicidade numa concepção mais ampla de prazer).

Já o sociólogo polonês, Zygmunt Baumaun,  prefere aplicar a expressão “modernidade liquida” que assim como a clássica expressão do manifesto comunista  – tudo que é sólido se desmancha no ar – trata da realidade ambígua e multiforme.  Ou seja, é uma época de liquidez, fluidez, de volatilidade, de incerteza e insegurança. Para Baumaun, todas as referencias abrem espaço a lógica do agora, do gozo, do consumo e da artificialidade. Marx e Engels já descreviam a modernidade como um processo histórico que desestruturariam com instituições de outras épocas  como a família e a religião. Logo, a vida passa a ser encarada como projetos individuais, sem referencias como a classe, a família, a nacionalidade e a ideologia politica. O crescente consumo solapa estes indicativos transformando as relações sociais em mercadorias e até a própria identidade como tal.

Como diria Fragoso, “ na modernidade líquida os indivíduos nao possuem mais padrões de referencia, nem códigos sociais e culturais que lhes possibilitem, ao mesmo tempo construir sua vida e se inserir dentro das condições de classe e cidadão. Chega-se no entender de Bauman a era da comparabilidade universal, onde os indivíduos não possuem mais lugares pré-estabelecidos no mundo onde poderiam se situar, mas devem lutar livremente por sua própria conta e risco para se inserir em uma sociedade cada mais seletiva econômica e socialmente”.

Então, para melhor entender a dinâmica social que acredito estarmos inseridos, sugiro uma leitura mais aprofundada sobre a “modernidade liquida” de Bauman, pois ele desmembra com destreza muitas transformações que atravessamos, que vai desde as relações virtuais e sexuais que modificam até o olhar da sexualidade na infância.

Nesta dinâmica, nos próximos artigos iremos desenvolvendo particularizadamente  como devemos lhe dar com o torrencial fluxo de informações, e quais devemos nos ater para evitarmos o consumo do que podemos chamar de “lixo midiático” quando analisados por uma perspectiva budista, que irremediavelmente nos ajudam a nos dissociar temporariamente do dinamismo do mundo globalizado.

Mas antes de finalizar o nosso “papo” de hoje, gostaria de deixar uma reflexão para que possamos absorver de maneira amena tudo que tratamos aqui e principalmente que saibamos relativizar. Pois, em um tempo de constantes transformações devemos estar atentos a comportamentos radicais, densos. Particularmente, não os considero saudáveis, sou afeita a vivências, especialmente por elas nos proporcionarem o conhecimento “in facto” de tudo aquilo que nos propormos a falar e afirmar como o ideal de vida.

Então, nada melhor do que terminar com uma frase já bastante conhecida, o lema que irá permear nossos próximos encontros com os outros temas solicitados.

“Tudo em excesso faz mal”.

Indra Soares

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