Em maio duas pessoas trans foram mortas na capital baiana. Muitas outras são violentadas verbal e fisicamente por seguirem religiões de matriz africana. No intuito de mostrar a diversidade cultural e identitária, a diretora de teatro e audiovisual Susan Kalik, paulista residente em Salvador há 20 anos, realizou os documentários “Cores e Flores para Tita” e “Do que aprendi com as minhas mais velhas”, trabalhos que serão exibidos em Salvador nos próximos dias 18 e 21 de maio, respectivamente.

Tita

Cores e Flores para Tita, que será exibido na noite de abertura da Mostra 10 anos do CUS – Grupo de Pesquisa Cultural e Sexualidade (UFBA), às 18h30, no Teatro do Goethe-Institut (Corredor da Vitória), fala especialmente de um homem trans, do jovem Renato Tita, suicidado “pela sociedade” aos 15 anos de idade na década de 70. Traz ainda depoimentos de outras pessoas trans que também sofreram com a violência, preconceito e transfobia.

“É um filme que lida principalmente com a perda. Com a perda da vida dessas pessoas, seja porque a vida lhe foi tomada, ou porque a sociedade lhes impede de viver em plenitude. O filme pede por mais amor e compreensão”, descreve Susan Kalik.

O desejo da diretora é que o filme leve visibilidade para as pessoas trans, ´”para que se tenha consciência dos seus desafios diários por cidadania, lutando cotidianamente por pertencimento social, por saúde, para permanecerem vivas, serem amadas, respeitadas e felizes como todes, todas e todos merecemos e devemos ser”.

No dia seguinte ao CUS, Cores e Flores para Tita será exibido na Casa Preta, localizada no bairro Dois de Julho, às 19h, na programação LGBT da ocupação artística Enxurrada na Aldeia, do Aldeia Coletivo Cênico. No espaço as pessoas poderão visitar a exposição fotográfica homônima da foto-ativista Andrea Magnoni, grande inspiração para o documentário.

Em junho, no dia 02, o documentário será exibido na Mostra Sesc de Cinema, na Sala Walter da Silveira, nos Barris, às 18h. “Essa exibição faz parte de uma etapa estadual da mostra de filmes nacional, que selecionou 02 longas baianos: o_Cores e Flores para Tita e o Tropycaus, de Daniel Lisboa. Nesta etapa, os longas concorrem a uma vaga na Mostra Nacional e  será exibido nas 26 capitais brasileiras”, explica Kalik.

Oralidade

O Candomblé é uma religião baseada nos princípios de senioridade e ancestralidade. Uma crença que valoriza a experiência e o conhecimento dos mais velhos. Essa é a temática do média-metragem Do que aprendi com minhas mais velhas, dirigido por Susan Kalik em parceria com Fernanda Júlia Onisajé.

O média-metragem será exibido pela segunda vez na Bahia na 11° Mostra de Cinema e Direitos Humanos, realizada pelo Ministério dos Direitos Humanos no dia 21 de maio, às 16h, na Sala Walter Silveira. Produzido através do edital Curta afirmativo 2014: Protagonismo de cineastas afro-brasileiros na produção audiovisual, do Ministério da Cultura, o documentário fala como a fé no Candomblé é transmitida de geração em geração.​