A fila vista como uma experiência da espera, como um lugar no mundo ou como um ponto de partida ou de chegada. Orgânica e repleta de inquietudes, a fila é o eixo central da trama que tece o mais novo espetáculo produzido pela Companhia de Teatro da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Com estreia na primeira sexta-feira de novembro (03), “Na Fila” segue em cartaz no Teatro Martim Gonçalves até o final do mês (26), com apresentações gratuitas, de quinta a sábado (20h) e domingo (19h).

Com os princípios norteadores do teatro físico, que explora o corpo do ator para comunicar formas que integram o imaginário coletivo, George Mascarenhas (ator em O Tigre, diretor em Refazendo Salomé)  conduz a direção do espetáculo e conta que a montagem é um espelho das relações sociais e dos poderes. “A peça dialoga com cenas reais da contemporaneidade do Brasil e do mundo. Também foram incorporados à narrativa intervenções musicais e isso com um trabalho corporal que conversa com o texto e com a colaboração criativa de todos os artistas envolvidos no processo”, diz.  Ainda conforme Mascarenhas, que também é ator e professor da Escola de Teatro, o espetáculo lança para o público a reflexão sobre quais são as nossas filas individuais na vida.

O texto de Na Fila é de autoria da atriz e dramaturga Deborah Moreira (autora dos textos O Tigre e Refazendo Salomé), que conta que a obra é baseada em fatos reais e discorre sobre pessoas em situação de espera e que a partir da provocação do diretor ampliou as camadas textuais para abarcar um espetáculo ficcional. “Todos têm uma vivência de espera, seja real ou metafórica. A peça traz uma reflexão sobre outras possibilidades que fogem do nosso controle, como a fila de um transplante, por exemplo”, adiciona.

Também na preparação corporal dos atores, ao lado de Mascarenhas e da bailarina Solange Lucatelli, integrante do Balé do Teatro Castro Alves (BTCA), Deborah diz que linguagem poética da mímica corporal dramática, o ator e sua piscofisicalidade são o centro da cena e que por isso a expressão corporal é explorada tanto em sua face mais técnica quanto artística.

A narrativa tem também dimensões concretas e atuais, como as questões dos refugiados e filas históricas de vida e de morte como a do holocausto, do SUS, e as filas cotidianas dos supermercados e padarias, etc. Com 20 atores em cena, entre profissionais já reconhecidos  (como Luísa Prosérpio, Saulus Castro, Augusto Nascimento e Margarida Laporte) ao lado de estudantes da UFBA e artistas da comunidade,  NA FILA revela aspectos das relações sociais instaladas, da cultura da brasilidade, questões políticas e do confronto consigo mesmos e com o outro. Cada um no seu lugar, cada um com suas histórias.

Na Fila é uma produção da Companhia de Teatro da UFBA, projeto que reúne professores, estudantes e funcionários da universidade e participantes da comunidade externa.  A equipe é formada ainda por Eduardo Tudella (iluminação e cenografia), Luciano Salvador Bahia (trilha sonora), Hamilton Lima e Leonardo Telles (figurinos).

unnamed unnamed-1 unnamed-2