O amor acaba? Uma das perguntas mais recorrentes da vida adulta é o mote de “Uma Família Pra Lá de Diferente”, novo livro da escritora Lilia Gramacho, voltado para o público infantil. A questão é levantada por um garoto que busca entender a separação dos pais. O lançamento será no dia 7 de abril, sábado, às 16h, no Palacetes das Artes, na Graça, pela Editora Solisluna, que põe no mercado, também, uma edição nova de “Camila e o Espelho”, obra anterior da autora. O grupo musical Corrupio vai animar a criançada.
Com belas ilustrações de Rafa Anton, espanhol radicado em São Paulo, “Uma Família Pra Lá de Diferente” trata da separação dos pais, que tocam adiante suas vidas com novos parceiros e seus filhos. O livro relata um movimento irreversível que já está aí: os novos arranjos familiares. “Irmão, meio-irmão, enteados… enfim, as famílias ganharam modelos a partir da diversidade que está posta no mundo”, explica Lilia Gramacho, jornalista e psicóloga.
O texto é construído através de perguntas e respostas, elaboradas de forma poética, filosófica e pragmática pela autora. “Sem pergunta não há reflexão e sem reflexão não há transformação”, argumenta a escritora, para quem perguntar é muito mais importante do que responder. Lilia acredita que as crianças de hoje têm voz e estão cada vez mais aptas a questionar os outros e a si mesmas. “É na infância que construímos a abertura necessária para a tolerância. Somos o que fomos”, observa a autora, baiana de Itabuna.
Em “Camila e o Espelho”, ilustrado por Juliana Castelo, uma adolescente testemunha as mudanças de seu corpo através de seu reflexo. O livro – que virou peça de teatro e curta-metragem – traz questões comuns aos jovens, como a primeira menstruação, a boca virgem – que nunca beijou – e namoros, claro. “As grandes questões filosóficas da humanidade continuam sendo as mesmas. Todo adolescente busca uma singularidade, uma identidade, uma diferenciação, ao mesmo tempo em que quer ser aceito pelos outros e por ele próprio”, diz.
Em 2010, Lilia foi uma das ganhadoras do Prêmio Off Flip de Literatura com um conto para adultos, chamado “Fim, Ponto”. Mas o universo infantojuvenil permeia sua literatura, iniciada com “O Filho do Meio”, de 1993, adotado em várias escolas do Brasil. “A Menina que Não Gostava de Ler” é uma declaração de amor aos livros. “Não sei se entro no universo das crianças e adolescentes ou se faço contato com a criança e a adolescente que ainda habitam em mim”, diverte-se.