“Árvore Seca”
“Entre as demais irmãs, aquela árvore antiga
-Extinto o resplendor das flores e dos ninhos-
Dá-nos à alma a impressão de uma triste mendiga
Implorando a piedade agreste dos caminhos…
Nem, sequer, sombra tem.
De há muito, os passarinhos,
Não lhe encontrando mais a verde fronde amiga,
Desertaram, joviais, para os bosques vizinhos,
Onde outra copa, aberta em flores, os abriga.
Ei-la, cheia de dor, no seu rude abandono!
Crestada e ressequida, a folha derradeira
Foi-se no turbilhão do derradeiro outono!
Pobre árvore mirrada! Eu contemplo-a de perto…
E vendo-a, julgo ver a imagem verdadeira
Da própria Angústia, abrindo os braços no deserto!” (Adalício Nogueira; 1924)
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