Encerrando sua primeira edição, o projeto CineDiálogo – Conversando o Cinema realiza suas últimas datas nas manhãs dos dias 16 a 18 e por fim em 24 de outubro, alcançando então a meta de 1.000 pessoas beneficiadas. A iniciativa surge para estimular a relação entre a arte cinematográfica e a educação, reunindo alunos, professores e coordenadores de escolas públicas e privadas de Salvador. A programação ocupa o Saladearte Cine Paseo, no bairro do Itaigara, e aborda temas sociais urgentes, proporcionando às comunidades escolares a oportunidade de reflexão e aprendizado a partir da experiência em cinema, exibindo filmes nacionais e curtas-metragens baianos da produção atual.

 

As pautas finais serão de linchamentos virtuais, intolerância religiosa, desigualdade social e racismo com as obras “Aos teus olhos” (Carolina Jabor, 2017), “ALÁPINI: A herança ancestral de Mestre Didi Asipá” (Emilio Le Roux, Hans Herold e Silvana Moura, 2017), “Era o Hotel Cambridge” (Elaine Caffé, 2016) e “O caso do homem errado” (Camila de Moraes, 2017), seguidos de debates com convidados. O projeto, realizado pelo Circuito Saladearte, tem patrocínio da Unijorge por meio do Programa de Incentivo à Cultura Viva Cultura, da Fundação Gregório de Mattos e Prefeitura de Salvador.

 

O Colégio Estadual Góes Calmon participa no dia 16 (terça-feira), assistindo ao filme “Aos Teus Olhos”, que apresenta um professor que passa a ter que lidar com a denúncia irresponsável de pais de um aluno e se torna vítima de linchamento virtual. O debate será mediado pelo pesquisador, mestre em Educação e doutor em Comunicação Nelson Pretto. Na quarta (17), é a vez do Instituto Central de Educação Isaías Alves (ICEIA) conferir “ALÁPINI: A herança ancestral de Mestre Didi Asipá”, documentário acerca de Mestre Didi, em homenagem ao seu centenário. O bate-papo será com a diretora do filme, Silvana Moura, e o professor e doutor em Literatura e Cultura Carlos Sobrinho.

 

Uma sessão de acessibilidade com tradução em Libras acontece na quinta (18), com “Era o Hotel Cambridge”, que traça um mosaico dos problemas sociais a partir de um antigo hotel de luxo de São Paulo abrigado por famílias de refugiados e sem teto. O Centro Educacional Vitória Régia e a Associação Educacional Sons no Silêncio (AESOS) participarão do debate comandado pela mestre em Literatura e Cultura Rosana Junqueira. Fechando a maratona, na quarta, 24, os estudantes do Villa – Campus de Educação assistem ao filme “O caso do homem errado”, que aborda a questão do racismo ao revelar a história de Júlio César de Melo Pinto, operário negro que foi executado em Porto Alegre pela Polícia Militar nos anos 1980, e em seguida participam de bate-papo com Camila de Moraes, diretora do longa.

 

O CineDiálogo incluiu também em pauta as temáticas de relações familiares e precarização do trabalho ao longo de sua realização. “Cinema e educação são a base do CineDiálogo, não apenas por criar e renovar o público, mas também, e principalmente, porque através do cinema podemos dialogar sobre as questões mais diversas”, resume Marcelo Sá, diretor de projetos do Circuito Saladearte.

 

A escolha de longas-metragens nacionais se deve ao significativo crescimento da qualidade do cinema brasileiro que ressurgiu nos últimos 20 anos. “No processo de curadoria, consideramos filmes que suscitam diálogos sobre temáticas que circulam na contemporaneidade, seja a partir da análise dos códigos da criação cinematográfica, seja pela leitura dos afetos que o cinema, enquanto potência artística, produz”, explica Midian Garcia, uma das curadoras do projeto, Pró-Reitora Acadêmica e coordenadora do Grupo de Iniciação Científica em Estudos Cinematográficos da Unijorge.

 

ESCOLAS PARTICIPANTES – A primeira edição do CineDiálogo reúne 10 instituições de diferentes regiões da cidade, sendo quatro de ensino público – Colégio Estadual Góes Calmon (Brotas), Colégio Estadual Helena Matheus (São Cristóvão), Colégio Estadual Thales de Azevedo (Costa Azul) e Instituto Central de Educação Isaías Alves – ICEIA (Barbalho) –, cinco escolas particulares – Centro Educacional Vitória Régia (Cabula), Colégio Antônio Vieira (Garcia), Colégio Integral (Pituba), Colégio Sacramentinas (Campo Grande) e Villa – Campus de Educação (Paralela) –, além da Associação Educacional Sons no Silêncio (AESOS), do Imbuí, focada na inclusão social de cidadãos surdos.

 

SELEÇÃO DE FILMES – Em torno da temática de desigualdade social, o filme “Era o Hotel Cambridge” (2016), de Elaine Caffé, traça um mosaico dos problemas sociais a partir de um antigo hotel de luxo de São Paulo abrigado por famílias de refugiados e sem teto. Na pauta da precarização do trabalho, “Arábia” (2017), de Affonso Uchoa e João Dumans, é um retrato da classe trabalhadora brasileira, do trabalho marginalizado e das difíceis possibilidades de melhorias de condições de vida oportunizadas para grande parte da população. “O caso do homem errado” (2017), de Camila de Moraes, aborda a questão do racismo ao revelar a história de Júlio César de Melo Pinto, operário negro que foi executado em Porto Alegre pela Polícia Militar nos anos 1980. “Aos teus olhos” (2017), dirigido por Carolina Jabor, reflete sobre os linchamentos virtuais apresentando um professor que passa a ter que lidar com a denúncia irresponsável de pais de um aluno. Para tematizar a intolerância religiosa, “ALÁPINI: A herança ancestral de Mestre Didi Asipá” (2017), dirigido por Emilio Le Roux, Hans Herold e Silvana Moura, é um documentário acerca de Mestre Didi, em homenagem ao seu centenário. Por fim, as relações familiares aparecem em “Como nossos pais” (2017), de Laís Bodanzky, que concilia temas ancestrais, como a ligação entre mãe e filha, e questões contemporâneas, de anseios e conflitos da mulher que constituem uma nova onda feminista.

 

CURTAS BAIANOS – Com objetivo de aproximar os estudantes da produção cinematográfica baiana na contemporaneidade, curtas-metragens do estado serão projetados durante o CineDiálogo. Nesta semana, o público vai assistir a “Alegoria da Dor” (2013), de Matheus Vianna; “Doido Lelé” (2008), de Ceci Alves; e “Berço Esplêndido” (2009), de Macarra Vianna, Matheus Vianna e Rita de Cássia.

 

CIRCUITO SALADEARTE – Com 18 anos de história, o Circuito de Cinemas Saladearte conta com quatro salas: duas no Cine Paseo (Itaigara), uma no Cinema da Universidade Federal da Bahia – UFBA (Vale do Canela) e outra no Cinema do Museu (Corredor da Vitória). Apresenta à cidade um formato de programação que preza pela qualidade e diversidade, com um público de aproximadamente 15 mil espectadores por mês.