“É como se a vida fosse aquele castelinho de cartas que vamos cuidadosamente empilhando, uma a uma.
Acertamos o lugar de sequências inteiras, mas uma só, consegue ter o poder de trazer tudo ao chão.
Chego a desconfiar da bipolaridade, zombar de ter apenas duas faces.
Será mesmo que alguém consegue ser feliz o tempo todo?
Será que as marés não enchem e esvaziam várias vezes no mesmo dia?
Se me perguntasse como estou, talvez não soubesse responder.
Metade é maré cheia, outra rasa, daquelas que deixam ilhas e prendem peixes em seu caminho.
Ando vivendo de momentos, mastigando sonhos, enchendo a barriga de esperanças.
Volta e meia, aquele castelo de cartas desmorona em partes, não chega a ser por completo, mas sacode a estrutura.
Venho descobrindo um lado meu que não conhecia.
Travo diálogos infindáveis com o outro eu que mora em mim, sem precisar ficar de frente pro espelho.
Confusa a vida de quem sente.”
(Matheus Rocha)
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