“Amor de sertão”
“Nunca estive tão sóbrio do meu querer,
Apesar da largueza sem fim
de desejos em mim.
Essa certeza é a surpresa em que me acho,
Quando diante de ti
Me resumo todo em uma única vontade:
A de possuir,
E ser possuído por você.
A sua presença me ilumina,
me acende como um candeeiro
Em noite escura,
Vulnerável ao balançar do vento.
A mesma vulnerabilidade que me fortalece
que alimenta a chama dessa vida.
Alimenta esse amor rasteiro e acanhado
Que nos come pelos calcanhares
E nos planta ideias de voar.
Que alimenta essa paixão amansada,
Que se contenta com migalhas
Que não se preocupa e nem pergunta nada,
Apenas anseia repousar os pés castigados,
Depois de mais um dia puxado.
Mais um dia em que a existência foi posta à prova
Toda a poesia virou prosa,
E a fé foi exaurida
A resiliência do contentamento
de encontrar por fim,
um sorriso caloroso
um olhar amistoso.
Encontrar por fim as tuas mãos estendidas,
Uma oferta do amor sem cobranças,
A defesa da vida sem palavras.
Uma oferta do amor que ressurgi intermitente
Como uma nascente do sertão,
rasa e pura
Que após passada cada estiagem
Flui por entre áridas paisagens
A saciar-nos a sede
E busca incansavelmente
A amplidão do mar, de amar.”
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