Quando um diretor e ator completa 30 anos de carreira o que há de melhor a se fazer para celebrar esse momento senão montar um espetáculo? Celso Junior, que há três décadas subia pela primeira vez profissionalmente em um palco, comemora o momento dirigindo o espetáculo ‘A persistência das últimas coisas’, que entra em cartaz no Teatro Vila Velha a partir de 28 de setembro.

A peça é uma versão brasileira para um texto argentino do autor Juan Ignacio Crespo e tem no elenco o vencedor do Prêmio Braskem 2017 de Melhor Ator, Igor Epifânio, além dos atores Vinicius Bustani e Paula Lice. “Assisti à montagem original, no pequeno Teatro Vera Vera, em Buenos Aires, em 2014, sob a direção do próprio Juan e fiquei bastante entusiasmado com o texto”, lembra Celso.

Ele conta que assim que chegou ao hotel na capital da Argentina, entrou em contato com Juan pedindo para usar o texto no repertório de estudos sobre dramaturgia contemporânea. Foi aí que surgiu o desejo de montar.  “Assim que li a peça em espanhol, comecei a pensar numa possível montagem brasileira”, afirma.

A história

‘A persistência das últimas coisas’ estreou em Buenos Aires em 2014 e traz para a cena os conflitos de Federico, vivido por Vinicius Bustani, um rapaz inconformado com término de seu namoro com outro rapaz, interpretado por Igor Epifânio. Além disso, Federico tem uma amiga e confidente que o ajuda a recompor um painel de emoções, que é vivida por Paula Lice. “Lembranças, criações da imaginação e abandono se alinham para criar um retrato fragmentado e não-linear da vida afetiva desse jovem contemporâneo e urbano”, explica Celso.

A peça é centrada em Federico, que está abalado pelo fim de um  relacionamento, mas continua obcecado pelo ex-namorado a ponto de contratar um detetive particular para o investigar. O ex surge, então, como uma representação da memória e fruto da imaginação dele. Já a amiga é uma confidente e também uma espécie de consciência expandida da personagem principal.

‘A persistência das últimas coisas’ tem uma poética e temática interessantes, trata de assuntos absolutamente universais como o amor e a sua perda”, aponta o diretor. “Me interessa também a tomada de consciência da personagem que percebe que o fracasso amoroso é uma representação da sua mortalidade: terminar um relacionamento é morrer um pouco, é se aproximar do fim”, completa.

O diretor

Celso conta que, apesar de já ter escrito alguns textos para teatro, nunca chegou a colocá-los em cena. “Num certo sentido, como encenador e intérprete, me sinto impulsionado a oferecer textos desconhecidos de autores inéditos ou consagrados”, diz. Em 30 anos, adaptou clássicos como ‘Médico a pulso’, de Molière, 1999, ‘Desgraças de uma criança’, de Martins Pena, 2007, ‘Sonho de uma noite de verão’, de William Shakespeare, 2016, e ‘Preciosas ridículas’, também de Molière, em 2009. Também montou textos inéditos de sucesso como ‘Quem matou Maria Helena?’ e ‘Jingobel’, de Claudio Simões e ‘O cego e o louco’, de Cláudia Barral. “Me sinto compelido a apresentar ao público autores desconhecidos, textos instigantes que me atraem por sua qualidade poética ou pela temática que eles abordam”, completa.

‘A persistência das últimas coisas’ fica em cartaz entre os dias 28 de setembro e 8 de outubro, sempre de quinta-feira a domingo. De quinta a sábado às 20h e aos domingos às 19h, no Teatro Vila Velha, no Passeio Público. Os ingressos custam  R$ 30 (inteira) e podem ser comprados através do link: www.ingressorapido.com.br/compra/?id=59189#!/tickets. A peça é indicada para maiores de 18 anos.

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