Referência em questões étnicas e identitárias, especialmente as ligadas à africanidade, o autor cubano Carlos Moore confirmou presença na quinta-feira, dia 5/10, na Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica). O autor participa da mesa “Reflexos do Passado Ancestral em Nossa Pele”, que terá mediação do professor e secretário de cultura da Bahia, Jorge Portugal.
Moore é doutor em Ciências Humanas (2003) e em Etnologia (1979) pela Universidade de Paris-7, na França. Foi professor titular de Relações Internacionais da University of the West Indies (UWI), no Caribe, e professor visitante da International University of Florida (FIU), nos Estados Unidos.
Fluente em cinco idiomas, a carreira de Moore abrange um período de quatro tumultuosas décadas, marcadas pelo exílio político de seu país natal, após ter entrado em conflito com o regime marxista de Cuba sobre a questão racial, experiência que foi narrada em sua autobiografia, intitulada “Pichón”.
Morou na França durante 16 anos. Lá, desenvolveu longa carreira de jornalista junto à agência France-Presse e ao semanário Jeune Afrique, tendo militado com a turma fundadora da Negritude (Aimé Césaire, Alioune Diop) e se envolvido com Malcolm X, o líder afro-americano assassinado em 1965.
Sua primeira obra foi publicada em 1982. Batizada de “Fela: cette putain de vie (Esta vida puta)”, relata a trepidante biografia do músico nigeriano Fela Kuti. Esse livro lhe valeu um primeiro reconhecimento internacional, tornando-se um sucesso que valeu inspiração ao musical da Broadway FELA!. Com edições em francês, japonês, italiano, alemão e português, o livro tem cinco versões distintas em inglês.
Ao todo, Moore é autor sete obras. Além de Pichón e Fela, foram publicados dele Castro, the blacks and Africa (1989), African presence in the Americas (1995), Racismo & Sociedade (2008), A África que incomoda (2008) e O racismo e a questão racial (2010). Moore reside no Brasil desde 2000.