Depois de estrear com casa lotada no último domingo (6), o ator Vinicius Bustani segue em cartaz com seu espetáculo Criança viada ou de como me disseram que eu era gay, no Teatro Gamboa Nova, durante todos os domingos de maio. As sessões seguem nos dias 13, 20 e 27, sempre às 17h, com ingressos custando R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). Em março, os ensaios abertos também tiveram lotaram em todas as quatro sessões no Teatro Vila Velha. Cerca de 150 pessoas foram assistir às apresentações.
Primeiro solo da carreira do ator, Criança Viada ou de como me disseram que eu era gay mistura relatos biográficos com cenas de ficção. Na peça escrita pelo próprio Vinicius, ele usa sua história com humor e sarcasmo como ponto de partida para mostrar as dificuldades que viveu como uma criança LGBT, que ainda nem sabia o que era, mas já era apontada por outras pessoas, passando pela adolescência e chegando na idade adulta. “A gente precisa falar sobre isso e fazer uma revisão de nossos hábitos para não continuar criando gerações de crianças solitárias, confusas, com sensação de isolamento e falta de lugar no mundo”, reflete.
A motivação para o espetáculo surgiu logo após o ator contar aos pais, familiares e amigos sobre sua sexualidade. “Depois de conversar com eles, disse para ficarem à vontade para perguntar o que quisessem”, lembra. Foram questões, muitas vezes tão distantes da realidade, que ele viu nelas combustível para a peça. “Resolvi fazer um espetáculo em que eu pudesse mostrar com minha história que ser gay é mais natural e simples do que parece”, pontua.
“Quando Vinicius me mostrou todo o material que tinha coletado, achei que poderíamos ir pelo caminho do biodrama e do teatro documental”, conta Paula Lice, que assina a direção e dramaturgia do espetáculo. “Acredito que para falar sobre um tema tão complexo como sexualidade é fundamental arriscar um mergulho em sua própria experiência nua e crua. Enfrentar esse tema através das estratégias do biodrama é estreitar laços entre o público e a cena”, finaliza.