Sincretismo religioso, festas populares e cotidiano são alguns temas das telas desenhadas para a exposição “Salvador em nanquim por Elano Passos”, que entra em cartaz no Espaço Moldura Minuto, no bairro do Itaigara, em Salvador. As visitações poderão ser feitas de 30 de março a 1º de abril, quinta e sexta, das 9h às 19h, e sábado das 9h às 17h. A mostra foi idealizada pelo artista plástico com o objetivo de homenagear a capital baiana, que completa 468 anos no próximo dia 29. “São telas preparadas especialmente para essa exposição. É uma forma de homenagear a cidade que naturalmente inspira minhas produções, seja por suas belezas naturais, festas ou pessoas que vivem aqui”, conta Elano. As ilustrações do artista são feitas com caneta nanquim e possuem características próprias. “O nanquim me traz a satisfação de fazer obras com traços simples e com significados. O contraste do preto no branco destaca ainda mais o desenho. É o que chamo da essência dos traços”.
Elano Passos é designer e desde criança se destaca pelos traços dos seus desenhos. “Sempre gostei da observação, talvez pelo próprio perfil, sociável mas ao mesmo tempo reservado. Lembro dos painéis que criava junto com os outros colegas nos trabalhos acadêmicos, evitava ficar na linha de frente, meu negócio era fazer cenários, criar mascotes, ilustrar cartazes”. Quando garoto lia revistas em quadrinhos e por isso traz como referência ilustrações da Disney e de Maurício de Souza, passando pela Revista MAD, além de ser fã dos personagens do cartunista Angeli, como Bob Cuspe, Wood e Stock, Rê Bordosa. “Mais especificamente sobre referências na Arte, Caribé e Tarsila me atraem. Caribé traduzia todo um cenário de forma viva e simples. Já Tarsila, além do legado espetacular, “Abaporu” pra mim é a grande obra. O que os dois tem em comum? A identidade. Eles são únicos, são sempre Caribé e Tarsila”.
E é essa identidade que Elano busca no seu acervo. A inspiração para os desenhos pode surgir em qualquer lugar. “No abraço fraterno, em um casal namorando, na escola do meu filho, nas ruas por onde passo, no filme, numa propaganda. A partir dessas ativações começa o processo criativo, uma imersão no tema para estudar cenários, personagens, anatomia, comportamento.” Entre suas obras está a que foi dada ao músico Carlinhos Brown. “Eu estava assistindo TV quando passou a propaganda do CD de Brown que seria encartado no Jornal Correio. Como qualquer viciado pelo que faz, comecei a rascunhar “O Cacique” e o final me agradou bastante”. O Correio conheceu a obra e a transformou em troféu-arte, convidando Elano para entregar pessoalmente ao músico. O encontro aconteceu no Sarau do Brown do dia 19 de fevereiro.