No Brasil, empreendedores têm dado preferência aos ambientes reduzidos, em que não necessite de amplos espaços para funcionar. O crescimento pela procura desses ambientes se deu, principalmente, no ramo alimentício, impulsionados pelas empresas de delivery ou consumo rápido no local.

Um levantamento recente realizado pelo iFood, revela que o aumento de novos restaurantes e mercados que entraram na plataforma foi de 53%, na Bahia, considerando os meses de março a dezembro de 2020, se comparado a 2019.

Ainda segundo dados do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), somente no ano passado, foram abertas 626.883 micro e pequenas empresas em todo o Brasil. Desse número total, 535.126 correspondiam as microempresas (85%) e 91.757 (15%) eram empresas de pequeno porte.

De acordo com as arquitetas Agnes Carvalho e Samara Carvalho, sócias da Casa Carvalho Arquitetura, os pequenos espaços estão se tornando a preferência do novo empreendedor. “As pessoas e empresas estão em constante reinvenção e, por este motivo, a escolha de um espaço menor se torna uma decisão mais confortável e segura para realizar testes e implementar novas ideias”, destacam.

Agnes aponta que ao buscar um local para o funcionamento do empreendimento deve-se analisar inúmeros fatores, como o tipo de empreendimento, o bairro onde estará inserido e como será o acesso à loja. “Além disso, é preciso levar em consideração valores de aluguel, estado de conservação do imóvel, seu entorno e o tipo de intervenção e adequação que serão necessários realizar”, detalha.

Para tornar os espaços funcionais e adequados para o serviço prestado, Samara afirma que os empreendedores têm direcionado a sua procura para projetos arquitetônicos que possibilitem o reaproveitamento dos pequenos ambientes comerciais, como maneira de oferecer uma estrutura que proporcione conforto e funcionalidade na operacionalização.

Acontece que ao pensar no processo inicial de aproveitamento dos espaços, Agnes sinaliza que o projeto arquitetônico precisa ser idealizado de maneira em que toda a estrutura esteja alinhada com a marca do estabelecimento em questão. “É importante pensar nas cores, formas, materiais e estilo que precisam conversar entre o que está sendo ofertado no mercado e o empreendimento”, orienta.

Outro destaque importante para as arquitetas a ser resolvido de imediato, ainda no planejamento, são os fluxos que necessitam estar bem definidos dentro do espaço. “A partir disso, podemos traçar as circulações de cliente, funcionário, área de exposição e estoque dos produtos. O local também deve ser explorado ao máximo, tirando partido das paredes, vitrines e, até mesmo, do teto”, frisa Samara.

Em relação a projetos arquitetônicos pensados para pequenos espaços, as sócias apontam o caso da hamburgueria Salt’n Pepper, a ser inaugurada no bairro Rio Vermelho, em que o foco do serviço é o sistema de entrega delivery e consumo rápido no próprio local.

“O projeto arquitetônico de um empreendimento como desta hamburgueria precisa ter embasamento em cozinhas. Para isso, é preciso considerar os fluxos de entrada de alimentos e funcionários, os fluxos limpos e sujos. Organizar o pré-preparo, que é tão importante quanto o preparo. Além disso, é preciso saber a dinâmica e o processo: organização das chapas, fritadeiras, conservadores etc.”, explica Agnes.

Para as arquitetas, o senso comum do público ainda é achar que pelo o espaço ser menor se torna mais fácil de ser trabalhado, o que para as profissionais é um engano e pode influenciar na qualidade. “Pode ser complexo inserir todas as demandas, articulando o uso, estoque, administração, produto e consumidor no mesmo espaço. Por isso, muitas vezes é um desafio alinhar tudo para aproveitar ao máximo o que o ambiente oferece”, conclui Samara.