Que os outros sejam o normal é o título da nova encenação de Djalma Thürler, um olhar crítico pelo mundo contemporâneo, suas mazelas, sua desordem aparente. Nesta peça, Thürler toma como apoio a peça “O Lustre”, de Antonio Hildebrando e se aventura pela construção de uma dramaturgia ligada a procedimentos de escrita tais como a montagem, a hibridização, fragmentos narrativos, suspensão da dimensão lógica e comunicativa da linguagem, imagens em movimento, narrativas, depoimentos, colagem, coralidade.
O espetáculo, que estreia no dia 19 de setembro, no Teatro Vila Velha tem direção, cenário e dramaturgia de Djalma Thürler e fica em cartaz até o dia 23 de setembro, de quarta a sábado (22), às 20h, e domingo (23), 19h. Em Que os outros sejam o Normal não há propriamente uma trama. Há um cenário vazio, objetos expostos, dois atores e um protesto em clara alusão ao texto da atriz trans sudaca, Susy Shock: “Reivindico o meu direito de ser um monstro e que os outros sejam o normal”.
Com a estreia da nova peça, a Companhia interrompe o ciclo de quatro monólogos que ainda continuam circulando pelo país. O último deles, “Uma mulher impossível”, foi indicado a quatro categorias no Prêmio Braskem de Teatro 2017 e consagrou Mariana Moreno como a melhor atriz daquele ano.
Que os outros sejam o Normal é um pas de deux entre Duda Woyda e Mariana Moreno de uma precisão matemática, como se o público estivesse diante de um balé exaustivamente coreografado, um jogo rizomático entre o fictício e real, que coloca em crise as certezas, insufla a dúvida e tenta “desorganizar e desaprender o que se acha burocraticamente arrumado, historicamente ensinado”, descreve Thürler.
A encenação, entre a sátira mordaz e a crítica consciente, afeta e potencializa devires, revela a engrenagem das forças sociais, políticas, econômicas, sexuais e artísticas que conspiram contra eles mesmos e que dão o tom da crítica social presente nesta montagem. Que os outros sejam o Normal convida o espectador a enxergar o avesso das coisas, o “outro lado de todas as coisas”, o “outro do outro” através dos seus corpos-máquina-de-guerra, subjetividade plural e polifônica, potência de múltiplas éticas e múltiplas estéticas da existência.