Diariamente, o setor de Braille da Biblioteca Central do Estado da Bahia (BCEB/Barris) recebe dezenas de usuários, interessados em ler, estudar e conquistar o mundo. E como resultado, inúmeros deficientes visuais tiveram sucesso e alcançaram títulos de graduação, pós-graduação e até concursos públicos.

Eduardo Sanches é um deles. Graduado em Fisioterapia, com pós-graduação e cursos de Medicina Chinesa. “Comecei a frequentar o setor Braille desde o Ensino Médio e isso auxiliou no meu crescimento como pessoa, assim como na minha formação de estudante”, afirmou Sanches. Ainda segundo ele, “sempre que ia para a biblioteca aprendia algo novo e diferente”, acrescentou o acupunturista que perdeu a visão aos os 20 anos, por conta de um diagnóstico degenerativo na retina.

Hoje, com 38 anos, casado e com um filho de dois anos, Eduardo comenta que a biblioteca, além de estudar, foi um espaço para fazer amizades. “Tenho pessoas queridas que são o fruto de quando frequentei a BCEB. As Feiras Literárias e os eventos foram momentos de integração e eu participava ativamente já que também sou músico e toco violão”, disse Sanches.

O fisioterapeuta é um dos mais de 1.300 usuários que frequentam a biblioteca anualmente, onde está o setor de Braille. A BCEB oferece acesso ao conhecimento, através da leitura, com recursos oferecidos pelo Setor Braille, em média, com dois mil títulos em todas as áreas do conhecimento, disponíveis para as pessoas com deficiência visual, assim como os multimeios. Na próxima segunda-feira, 08 de abril, é o Dia Nacional do Braille e estar atento à acessibilidade de todos é uma ação necessária para a dignidade dos cidadãos.

“Cheguei com 15 anos, concluí o ensino fundamental, fiz duas graduações, especializações, mestrado e doutorado. A biblioteca me auxiliou a fazer todos esses cursos e continuo frequentando o setor. Esse espaço faz parte da história da educação de cegos no Estado da Bahia, que não pode ser contada sem falar desse lugar, pois muitos cegos conseguiram ocupar espaços na sociedade através desse apoio” disse Robenilson Nascimento, que é professor e tem 44 anos. Ainda de acordo com ele, “destaco os grupos de pessoas voluntárias que auxiliam no crescimento e desenvolvimento das pessoas que frequentam”, salientou ele.

Robenilson ainda relembra que: “tive durante 15 anos o auxílio de D. Haydêe Valente (in memorian) que leu para mim diversos livros. Ela acompanhou toda a minha trajetória, conquistas e títulos. Conheci-a no setor e a relação transcendeu às paredes da biblioteca”, disse Nascimento. Para professor , “o Setor Braille também é um espaço de referência para socialização dos cegos e isso ressignificou a minha vida”.