O cantor e compositor baiano, Lazzo Matumbi, foi agraciado nesta quinta-feira (23), em Brasília, com a Comenda Senador Abdias do Nascimento, homenagem feita anualmente no mês de novembro a cinco pessoas, em sessão especial do Senado para celebrar o Dia da Consciência Negra. Este ano, a sessão foi presidida pelo senador Paulo Paim (PT-RS)

Propositora da condecoração a Lazzo, a senadora Lídice da Mata (PSB-BA) abriu seu discurso com uma frase da educadora, líder comunitária e militante da liberdade religiosa e porta-voz das religiões de matriz africana baiana, Makota Valdina. “Não sou descendente de escravos. Sou descendentes de seres humanos que foram escravizados”.

Lídice também chamou a atenção para os números do Mapa da Violência, que mostra índices alarmantes de mortes de jovens negros e pobres, o que aponta para um processo de extermínio apurado pela CPI dos Assassinatos de Jovens, presidida por ela. “ Durante os trabalhos da CPI, constatamos que os jovens negros brasileiros são 77% das pessoas assassinadas anualmente no País, ou seja, um jovem negro é morto a cada 23 minutos”, alertou.

Homenageado, Lazzo disse que é uma grande honra receber uma comenda que leva o nome de um grande líder que morreu lutando pela causa do povo negro e que deixou como ensinamento a resistência para que o Brasil possa – no futuro – se olhar no espelho, se enxergar miscigenado e respeitar suas etnias para se tornar uma grande nação que respeita as diferenças. Lazzo também declamou um poema para retratar o sofrimento do povo negro e pobre e soltou a voz numa canção afirmativa.

A Comenda Senador Abdias Nascimento leva o nome de um negro que liderou projetos pioneiros na luta pela igualdade racial, como o Teatro Experimental do Negro e o jornal Quilombo, e que passou 13 anos de sua vida no exílio após a edição do Ato Institucional nº 5 pelo regime militar (1968). Nascimento também foi um dos principais idealizadores do Dia Nacional da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro.

Além de Lazzo, foram homenageados o Instituto de Mulheres Negras de Mato Grosso (Imune); a atriz Zezé Motta; e o percussionista Naná Vasconcelos (in memoriam).