O espetáculo “Do outro lado do mar” está de volta em curtíssima temporada, no Teatro Vila Velha, nos dias 21, 22, 23, 24 de setembro – de quinta a sábado, às 20h, e no domingo, às 19h; e nos dias 28, 29 e 30 de setembro, de quinta a sábado, às 20h. Após apresentações de sucesso, tanto no Vila quanto no Teatro Poeirinha, no Rio, quando se destacou pela indicação do encenador Márcio Meirelles ao 33º Prêmio Shell de Teatro, na categoria Cenário. Com atuação de Andréa Elia e Edu Coutinho e trilha sonora ao vivo de Ramon Gonçalves, esta é a primeira montagem brasileira da obra de Jorgelina Cerritos, aclamada autora de El Salvador. Os ingressos podem ser adquiridos na bilheteria do teatro ou através do site sympla.com.br/vilavelha . As sessão do dia 23/09 terá tradução em Libras e no dia 30/09 audiodescrição.

A trama se desenvolve em uma praia deserta, onde foi instalado um balcão de atendimento de um cartório municipal. Ali, uma funcionária pública dedicada e prestes a se aposentar espera sozinha alguém que apareça precisando do seu trabalho. De um barco chega um homem jovem, sem nome ou sobrenome, que não sabe onde nasceu, em busca da emissão de um documento que comprove a sua existência. Assim surge uma história carregada de poesia que, com aparente simplicidade, provoca uma profunda reflexão sobre o trabalho, a solidão e a identidade. Assista aqui a trechos teaser do espetáculo: https://youtu.be/LsBalAKiGvg%20 .

“A peça parte do conflito de um jovem personagem que, por não ter certidão de nascimento, oficialmente não existe. Embora pareça absurda, essa situação é realidade para 3 milhões de brasileiros e brasileiras que, sem registro civil, não têm acesso aos direitos mais básicos, como por exemplo o atendimento nos sistemas de saúde e educação”, comenta o ator Edu Coutinho. Ele lembra que, além do sentido literal do documento de identificação, o conceito de identidade é abordado pela obra em seus múltiplos significados e simbologias. “É um texto que capta o público pela beleza, pela poesia, e que aos poucos vai o fazendo pensar sobre os diferentes lugares sociais que as pessoas ocupam ou são levadas a ocupar”.

Montada em países como Cuba, Guatemala, Costa Rica e Estados Unidos, a peça ganhou a sua primeira tradução para o português pelas mãos de Edu Coutinho, com a colaboração de Marcio Meirelles. A obra rendeu em 2010 a autora salvadorenha Jorgelina Cerritos o Prêmio Casa de las Américas, pela dramaturgia de “Do outro lado do mar” – originalmente intitulada “Al otro lado del mar”.

A dramaturga tem sido uma parceira do projeto desde o início. “É muito significativo que a peça tenha a capacidade de dialogar com criadores, criadoras e espectadores da cena internacional, pois me confirma a universalidade e a força da palavra dramática, essa palavra que nos habita e nos fecunda para além das fronteiras”, reconhece ela.

A montagem é um dos marcos dos 50 anos de carreira de carreira do diretor Márcio Meirelles. “Estou envolvido com a peça desde o começo de 2022, quando fizemos a transliteração e a reposição na cena presencial desse espetáculo que foi criado para uma cena virtual. É uma peça sobre a identidade que você tem e a identidade que você é obrigado a ter. As imposições sociais, as estruturas, o sistema que impõe identidades e o que isso provoca em pessoas diferentes. Uma peça que fala daquelas pessoas que estão à margem e daquelas que fazem parte do sistema de alguma forma, mesmo que dentro do sistema estejam em uma posição marginalizada. Esse é o caso de Dorotéia, que é uma pessoa à margem dentro de um sistema. Já o Pescador é um personagem à margem do sistema, à margem de tudo, ele vive do outro lado do mar. E esse mar é uma infinidade de coisas, uma infinidade de conteúdos, é uma imensa profundidade azul, como o mar é”, reflete.

O Teatro Vila Velha conta com apoio financeiro do Governo do Estado, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura da Bahia.