Assistido por mais de 25 mil pessoas, na presença e através dos suportes virtuais, entre 2019 e 2020, o espetáculo Pele Negra, Máscaras Brancas faz sua primeira temporada virtual de 26 a 29 de novembro, às 19h, envolvendo a exibição do registro audiovisual da obra seguida por um bate-papo com especialistas – Cassia Maciel, Denise Carrascosa, Ana Flávia Magalhães, entre outros -, no intuito de se discutir questões negro-referenciadas e os impactos do racismo sob a ótica de Frantz Fanon.

Para assistir a montagem, que tem dramaturgia de Aldri Anunciação e direção de Onisajé (Fernanda Júlia), os ingressos já estão disponíveis na plataforma Sympla, no valor único e acessível de R$10. Com produção da DA GENTE Produções, Pele Negra, Máscaras Brancas é baseado em tese homônima de Frantz Fanon e tem referências de “Os Condenados da Terra”, outra obra do autor.

O primeiro livro apresenta a ferida da subjetividade negra; o segundo traz uma proposta de ação sobre essa subjetividade falhada ou estragada do negro pela colonialidade. A obra de ficção, que se vale de quase todas as teorias e ainda traz personagens analisadas pelo psiquiatra e filósofo, tem um elenco e equipe composta majoritariamente por pessoas negras e negros.

Distópica, perpassar três períodos – 1950, 2019 e 2888 – para falar sobre como o processo de colonização construiu sofrimentos psicológicos em corpos negros. O espetáculo Pele Negra, Máscaras Brancas traz o próprio Frantz Fanon como personagem no ano de 2019 defendendo novamente sua tese de doutorado, rejeitada pela banca examinadora no ano de 1950.

Em meio a defesa, Fanon apresenta seis personagens-tese que vivem em 2888. Nesse tempo-espaço, essas personagens desenvolvem as perspectivas ocidentalizadas de futuro para o negro e acabam enclausuradas em uma casa devido a ultrapassagem de uma das personagens , frente ao “Regime Único Mundial”.

Com codireção de Licko Turle, professor visitante da UNIRIO, a encenação traz um elenco totalmente negro formado por dez atuantes: Iago Gonçalves, Igor Nascimento, Juliette Nascimento, Manu Moraes, Matheus Cardoso, Matheuzza Xavier, Rafaella Tuxá, Thallia Figueiredo, Victor Edvani e Wellington Lima. A coreógrafa Edileusa dos Santos é a responsável pela direção de movimento e preparação corporal.

Ao trazer uma equipe formado por artistas pretos e pretas, Pele Negra, Máscaras Brancas torna-se um projeto politico-racial ao ampliar às narrativas da Cia de Teatro da UFBA. O espetáculo é uma conquista da segunda edição do Fórum Negro de Arte e Cultura – FNAC, em 2018, realizado pela Escola de Teatro e Pró-Reitoria de Extensão da UFBA.