Cansaço extremo, sensação de desânimo, tensão emocional e estresse são alguns dos sintomas que têm se tornado comum em trabalhadores de todo o mundo, e no Brasil não é diferente. Seja na modalidade presencial ou home office, os profissionais estão sentindo cobranças diárias por melhores resultados. E a pressão, somada ao cansaço, pode tornar a rotina de trabalho cada vez mais prejudicial para a saúde.

Esse cenário é o ideal para o aparecimento da síndrome de burnout, que no Brasil atinge cerca de 30% dos mais de 100 milhões de trabalhadores, segundo a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt). O problema, que também é conhecido como síndrome do esgotamento profissional, tem sido cada vez mais debatido e ascendeu o alerta para os cuidados com a saúde mental dos colaboradores, como explica o psicólogo clínico da Clínica SiM, Costa Júnior.

“A saúde mental tem sido, cada vez mais, um foco de preocupação dos trabalhadores. Vivemos em uma época em que se discute muito quadros de ansiedade e depressão, além de outras síndromes originadas pelo acúmulo de estresse no trabalho, como é o caso do Burnout”, analisa Costa Júnior.

O quadro é preocupante. Numa pesquisa global do Instituto Ipsos, realizada em 2020, apontou que 53% dos entrevistados brasileiros relataram alguma deterioração na saúde mental. Essa foi a quinta maior alta entre os 30 países pesquisados. Para Costa Júnior, os cuidados por parte da empresa ainda é pequeno, por isso muitos trabalhadores estão buscando por conta própria o acompanhamento psicológico.

“Ainda temos uma cultura com uma preocupação muito fraca em relação à saúde mental dentro das empresas. A maioria das políticas que aparecem são fracas e só começaram a surgir porque passamos a falar de Burnout, que o trabalhador pode adoecer e muito, e que isso pesa principalmente no bolso da empresa. Mas o trabalhador já percebeu que precisa se cuidar e muitos estão dando esse passo sozinhos”, explica o psicólogo.