A Semana Mundial do Aleitamento Materno acontece até sexta-feira (07) e integra um conjunto de ações que fazem parte do Agosto Dourado – mês dedicado ao debate sobre a importância da amamentação. No Brasil, mitos e má informação sobre o tema são desafios a serem superados. O aleitamento materno ajuda a diminuir os riscos de alergias, déficit de atenção e de hiperatividade, além de auxiliar no desenvolvimento saudável do sistema nervoso, contribuir para o desenvolvimento da musculatura do rosto e começar a regular a sensação de saciedade da criança. Pela amamentação a criança recebe anticorpos e fica mais protegida e com menor chance de desenvolver infecções respiratórias e diarreia.

A Organização Mundial da Saúde e a Sociedade Brasileira de Pediatria sugerem que a alimentação do bebê seja exclusivamente via leite materno até os seis primeiros meses de vida, e, acompanhando a introdução alimentar, até pelo menos os dois primeiros anos de vida. A partir dos dois anos, não há uma data limite para o encerramento, explica a pediatra do Instituto Muita Saúde, Aline Galy: “Existem rumores de que a amamentação tem que ser até os dois anos, quando na verdade é possível continuar depois disso. A orientação é de ser a alimentação exclusiva durante os seis primeiros meses de vida, claro que entendendo que existem situações em que as mães não conseguem fazer isso, e que há desafios neste sentido. Tudo o que a criança precisa do ponto de vista nutricional nos seis primeiros meses de vida está presente no leite materno, não precisando de nenhum complemento como água, sucos ou chás. E a partir dos seis meses e até os dois, é o processo de introdução alimentar acompanhado do leite materno. Passados os dois anos, se ainda for possível a amamentação e se esse for o desejo da mãe e da criança, não há nenhuma contraindicação. São muitos os benefícios do leite materno. A criança fortalece o sistema imunológico, já que recebe muitos anticorpos da mãe, é como se fosse uma vacina todo dia que ela recebe. Crianças que são alimentadas pelo leite materno têm menos chances de desenvolver câncer. O leite atua ainda prevenindo alergias alimentares”.

Conscientizar sobre a importância da amamentação e os seus benefícios é um desafio para os profissionais da área no Brasil, em virtude dos mitos que ainda existem sobre o tema no país. Por aqui, a média do aleitamento materno exclusivo é de 54 dias – menos da metade do tempo indicado pelos profissionais de saúde, de amamentação exclusiva nos seis primeiros meses. “Eu acho que a questão da amamentação é um problema no Brasil, se você considerar esse número. Muitos bebês não fazem nem os seis meses exclusivos de amamentação. É preciso considerar que há mães que realmente não conseguem, porque precisam, por exemplo, voltar ao trabalho antes do tempo. Mas que muito desse número está relacionado aos mitos que existem. Se você digitar no Google ‘leite materno’, a segunda indicação de resposta é ‘leite materno fraco’. Existe uma cultura muito forte de que o leite materno não sustenta, de que é fraco. Há uma expectativa muito grande que vem talvez da não compreensão de que um bebê não vai se alimentar igual a um adulto ou uma criança maior. O seu estômago é pequeno, é natural que ele mame e sinta fome novamente em um curto espaço de tempo. Isso não significa que o leite não seja suficiente”, explica a pediatra, que vê no Agosto Dourado uma possibilidade de conscientizar as famílias do entendimento de que o leite materno tem inúmeros benefícios também para as mães, como o auxílio no pós parto e a prevenção do Câncer de Mama.