Quando falamos da música baiana, é muito fácil ter o axé como primeira lembrança. Mas a Bahia não é monotemática. Em entrevista ao canal Papo de Música, comandado pela jornalista Fabiane Pereira, o cantor e compositor Russo Passapusso, vocalista do BaianaSystem (principal manifestação artística do Brasil contemporâneo), faz uma leitura da produção musical do Estado e fala dos processos, bastidores e expectativas que giram em torno do grupo e da sua carreira-solo.

“A Bahia tem muita ligação com a praia, mas também tem ‘as ruas de trás’, que são bem amplas, em que tudo aflora. É de lá que vem novas fontes musicais”, analisa ele. “Por mais que eu fale que existem essas ruas de trás, elas vão pro mar. O mar banha tudo e ele tem o seu próprio tempo”, divaga.

Russo Passapusso vê o sucesso do BaianaSystem como resultado de experimentações. “Existia uma insegurança no começo, nós não estávamos satisfeitos com os formatos pré-determinados da indústria musical”, ele revela. Isso impactou diretamente no formato de construção e composição do grupo, que contabiliza os aclamados Duas
Cidades (2016) e O Futuro Não Demora (2019) em sua discografia – ambos produzidos por Daniel Ganjaman. “Com Ganjaman ao nosso lado, veio a segurança que nos faltava no começo. Ele é entusiasta e entendeu a gente. É um elo de comunicação”, conta.

Mesmo com a boa receptividade aos trabalhos anteriores, Russo entrega ao Papo de Música: “Não tem apego, não… Eu já quero é fazer um novo disco”.