A Santa Casa da Bahia realiza para convidados, no dia 14 de setembro, a partir das 18h30, a abertura da exposição Grandes Mestres Baianos – Presciliano, Valença e Mendonça, no Museu da Misericórdia. A mostra apresentará em conjunto telas dos pintores Presciliano Silva, Alberto Valença e Mendonça Filho, três dos principais representantes da Escola Baiana de Pintura na primeira metade do século XX. Muitos desses quadros são desconhecidos do grande público, que poderá apreciar o acervo a partir de 15 de setembro. A mostra, que segue em cartaz até 15 de outubro, também integra a programação da 11º Primavera dos Museus, promovida de 18 a 24 de setembro pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).

Ao todo, 23 telas vão compor a exposição, que tem a curadoria de Aníbal Gondim e Simone Trindade. Os três pintores são baianos e expoentes representantes da arte moderna marcada pelo estilo impressionista. Para Aníbal Gondim, o grande mérito da exposição é dar destaque à tradição artística realizada no século XX. “Presciliano, Valença e Mendonça não apenas foram importantes em sua época, como também são responsáveis por formar gerações artísticas que atuam até hoje”, revela. Os três são provenientes da Escola de Belas Artes da Bahia e, além de terem formação semelhante, também frequentaram os mesmos círculos de amizade. Presciliano foi aluno de Manuel Lopes Rodrigues, Mestre da Escola de Belas Artes da Bahia, e acabou exercendo certa influência sobre Valença e Mendonça, pois foi o primeiro a trazer as novidades artísticas da Europa.

Para quem ainda não conhece a obra dos três artistas, Simone Trindade aponta as principais características de cada pintor e destaca as telas que os visitantes da exposição não poderão deixar de conferir. “Presciliano é considerado o mestre dos interiores religiosos e, por isso mesmo, chama a atenção um retrato de uma mulher sensual pintado por ele em 1906, pois é algo inesperado”, conta a curadora. Em uma de suas pinturas, chamada Missa na Sé, é possível ver ao fundo o prédio que hoje abriga o Museu da Misericórdia. Já Valença é conhecido pelas paisagens baianas. “Ele retratou uma Bahia que não existe mais e, sob influência de Presciliano, pintou em 1923, pela primeira vez, o interior de uma sacristia”, pontua Simone. Já Mendonça tem como característica principal a pintura de marinhas. Um de seus quadros, Mariscada, recebeu a Medalha de Ouro no Salão da ALA das Letras e das Artes de 1938.

“Agradeço aos Irmãos da Santa Casa da Bahia que gentilmente nos cederam as obras para a exposição. Com esta mostra, a instituição escreve mais um capítulo da sua história de contribuição com a Cultura”, afirma o provedor da Santa Casa, Roberto Sá Menezes.

 

Sobre Presciliano Silva

Nascido em Salvador, em 1883, Presciliano iniciou seus estudos no Liceu de Artes e Ofícios, sendo aluno de Manoel Lopes Rodrigues, dando continuidade à sua formação na Escola de Belas Artes da Bahia. Em 1905, recebeu bolsa de estudos para a Academia Julian, na França. O artista assina as pinturas decorativas na nave central e capela-mor da Igreja da Piedade e também foi responsável pela pintura histórica Entrada do Exército Libertador, que se encontra na Câmara Municipal de Salvador. Professor das Escolas de Artífices e Belas Artes da Bahia, foi premiado em vários Salões nacionais. Em 1960, recebeu o título de professor emérito da Universidade Federal da Bahia. Presciliano faleceu no Rio de Janeiro, em 1965.

Sobre Alberto Valença

Natural de Alagoinhas (1890), Valença estudou no Liceu de Artes e Ofícios e na Escola de Belas Artes da Bahia. Trabalhou como desenhista técnico na Companhia de Energia Elétrica. Em 1925, foi estudar como bolsista na Academia Julian, em Paris. Na Bahia, ele tornou-se consultor do Museu do Estado da Bahia e foi contratado pela Empresa de Planejamento Urbano da Cidade de Salvador para desenhar uma série de casarios da Bahia Antiga. Valença foi professor da Escola de Belas Artes da Bahia de 1933 até se aposentar, em 1961, ano em que recebeu o título de Professor Emérito da UFBA. Abandonou a pintura devido à catarata. Ele faleceu em 1983, na cidade de Salvador.

Sobre Mendonça Filho

Nascido em 1895 na capital baiana, Mendonça estudou na Escola de Belas Artes da Bahia. Recebeu prêmio de viagem de estudos para a Europa, aperfeiçoando sua técnica na Itália e França de 1922 a 1929. Ele foi professor no curso de Desenho na Escola de Belas Artes da Bahia e assumiu a cadeira de Desenho Figurado, Ornatos e Elementos de Arquitetura na década de 30. Em 1947, assumiu a Direção da Escola de Belas Artes, cargo que ocupou por quatro mandatos, até 1961, quando se afastou para se dedicar exclusivamente à arte. Mendonça faleceu em Salvador, em 1964.