Beatriz é uma menina-jovem que vive numa casa excessivamente hermética, estruturada, marcada, hierarquizada, e cuja rígida família, desde seu nascimento, já tem para ela um caminho traçado, umas metas muito altas e claras, uma linha inevitável a seguir. Nesse ambiente, a pequena Beatriz recebe um presente um peixe palhaço, colorido e ágil, que se move surpreso e assustado dentro dos limites de seu aquário.

Esse é o ponto de partida “Beatriz e o peixe-palhaço”, espetáculo dirigido pelo português Moncho Rodrigues, que traz em cena a atriz portuguesa Elsa Pinho. A montagem, em cartaz nos dias 08 e 09 de fevereiro, às 16h, no Teatro Sesi do Rio Vermelho, usa a história de Beatriz para falar sobre a indomada pulsão da criação, do amor e da liberdade.

Apesar de inicialmente Beatriz não simpatizar com o novo elemento no seu quarto, aprende com a sua convivência, entre danças e silêncios a maior razão da liberdade e assim tornam-se grandes amigos. Neste feito surgem as preocupações familiares. É um espetáculo de esperança e de confiança na condição humana que há de vir.

A condição humana que encontra no desapego e na entrega a razão maior da liberdade. “Só se é livre quando se desconhece a pesadíssima fronteira do ter para ir sem medo e sem submissões ao encontro dos infinitos horizontes do ser”, declara Elsa Pinho, que está em seu primeiro solo infanto-juvenil.

Na história, Beatriz tenta compreender o próprio nome, ou o significado de ter um nome. Nesta procura, a garota forceja em busca de respostas às suas perguntas, saídas para as suas buscas. Mas a peça não apresenta as soluções que gostaríamos de ler ou escutar, apenas nos convence de que elas não existem.

Moncho Rodrigues, que também assina a dramaturgia, construiu uma encenação em que há um permanente convite à participação do público, deixando o espetáculo aberto. Vida e aquário, palco e plateia, real e imaginário se confundem. A atriz Elsa Pinho já se apresentou na capital baiana em 2016 com o espetáculo Malva Rosa, com o ator João Guisande e direção por Alisson de Sá.

A relação de Moncho Rodrigues com o teatro baiano é bem próxima e atores como João Guisande, Danilo Cairo, Daniel Calibam, Meran Vargens, Nayara Homem, Alisson de Sá, dentre outros, já fizeram intercâmbio com a Fafe Cidade de Artes, projeto de pesquisa em linguagens cênicas idealizado pelo encenador ibérico, que é um grande conhecedor da cultura popular nordestina brasileira.