O dramaturgo e diretor João Falcão (Gabriela/Gonzagão – a lenda) estreia nacionalmente em Salvador o musical Sonho de uma noite de verão na Bahia, no Teatro Gregório de Mattos, dia 29 de março, às 19 horas. A curta temporada segue até dia 28 de abril, de quinta a domingo, às 19 horas, e com cinco sessões vespertinas, às 16 horas. A montagem é o primeiro resultado da Fábrica de Musicais – edital da Fundação Gregório de Mattos, Prefeitura Municipal de Salvador, que contemplou o Coletivo 4.
Em primeira mão, o público baiano confere uma versão inédita para a centenária comédia de William Shakespeare que traz sucessos da axé music, adaptada por Falcão, a partir do livro Sonho de uma noite de verão, de Adriana Falcão. No enredo, os reis Titânia e Oberon (Ana Mametto/ Rafael Medrado), o debochado duende Puck (Jarbas Oliver) e quatro fadas (Igor Epifânio, Lara Böker, Rafa Souza e Yanna Vaz) partem do Olimpo em direção à Terra, para investigar se gente realmente existe, e desembarcam em pleno Carnaval de Salvador, quando conhecem Teseu (Luiz Pepeu), político e empresário do entretenimento, noivo de Hipólita (Marília Castro), uma jovem falida financeiramente, Hérmia (Viviane Pitaya), cantora de axé, que rejeita as investidas do candidato a deputado Demétrio (Alexandre Moreira), e planeja fugir com Lisandro (Ana Barroso), jovem herdeiro de uma fortuna, por quem Helena (Fernanda Beltrão) está enamorada.
Na tentativa de compreender o comportamento caótico dos mortais, os seres mágicos acabam se contagiando com a folia e dão inicio a uma série de confusões de encontros amorosos e paixões desencontradas. Completam o elenco: Daniel Farias (William Shakespeare), Fernanda Paquelet (Dona Biu) e Genário Neto (Bobina). “A peça inteira é permeada por diversos tipos de amor, tem muita magia e brincadeira com os conceitos de sonho, imaginação e realidade”, explica Falcão. Assim como na maioria de suas obras, em seu quadragésimo quinto espetáculo, em quase 40 anos de profícua carreira artística, ele traz elementos da cultura nordestina sem caricatura. “Na peça a Bahia está absolutamente presente nos personagens, no ritmo e na trama”, conta o diretor.
A baianidade marca presença no Sonho de uma noite de verão na Bahia principalmente através da trilha sonora composta por mais de 20 clássicos da axé music, samba reggae, ijexá, pagode e outros gêneros. No repertório figuram canções imortalizadas nas vozes de Caetano Veloso, Carlinhos Brown, Daniela Mercury, Gilberto Gil, Ivete Sangalo, Margareth Menezes, Ricardo Chaves dentre tantos outros artistas. O elenco é acompanhado pelos multi-instrumentistas Carlos Boca, Chocoshow Yuri, Citnes Dias, Felipe Guedes e Nino Bezerra. A direção musical é assinada por Yacoce Simões, arranjador e maestro com trinta anos de experiência.
O encenador e a Bahia
Inicialmente, Falcão voltaria para o Rio de Janeiro no final de outubro, após ministrar a oficina Jogos de Criar, na Fábrica de Musicais. Entretanto, segundo ele, foi tão bem acolhido pela cidade que decidiu estender sua estada na soterópolis. Assim, durante sua temporada, aproveitou para entender melhor a riqueza dos costumes e tradições locais. A relação dele com Salvador vem de longa data, no final da década de 1990, dirigiu a peça infanto-juvenil A ver estrelas com elenco local na reinauguração do Espaço X (atual Xisto), e sempre faz questão de inserir a capital baiana nas turnês de seus espetáculos. É também dele a encenação da peça A máquina, que projetou nacionalmente Wagner Moura, Vladimir Brichta e Lázaro Ramos.

Para Fernando Guerreiro, presidente da Fundação Gregório de Mattos, Falcão é uma referência como encenador. “Criatividade e acabamento técnico se unem na criação de projetos originais e profundamente ligados a nossa identidade cultural. Excelente escolha do Coletivo 4.”, afirma. Natural de Recife, Falcão estreou no teatro como ator e músico, na capital pernambucana, com Morte e vida severina. Aos 21 anos, fez um rebuliço na cidade com o musical Muito pelo contrário – sua estreia como diretor, escritor e compositor de um mesma montagem. Seus principais trabalhos no teatro são: A ver estrelas, Mamãe não pode saber, O burguês ridículo (Prêmio Sharp de Melhor Espetáculo), A dona da história com Marieta Severo e Andréa Beltrão, Uma noite na lua com Marco Nanini (prêmios Shell e Sharp por texto e direção), Quem tem medo de Virgínia Woolf, Dhrama, Clandestinos (prêmio APTR de melhor texto e o Qualidade Brasil de melhor direção teatral de comédia), Gonzagão – a lenda (Prêmio Shell de Música; Prêmio Qualidade Brasil de Melhor Espetáculo; e Prêmio Bibi Ferreira de Melhor Musical Brasileiro, direção, figurino e direção musical, dentre outros), Ópera do Malandro, Gabriela – um musical (diversos prêmios, dentre eles: APCA de Diretor e Bibi Ferreira de Melhor Musical Brasileiro). Seu mais recente trabalho é a remontagem de A Dona da História com Luana Martau e Ângela Dippe. Na publicidade, dirigiu mais de mil filmes. Ele já teve peças traduzidas para o inglês, francês, espanhol, alemão e hebraico.